Como se contam os anos
Fabiano Maisonnave
Especial para o UOL
e Da Redação
Governo foi marcado por melhorias sociais e escândalos políticos
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Ao deixar o cargo de presidente no próximo dia 1º de janeiro, Luis Inácio Lula da Silva terá legado, em oito anos de governo, avanços nos setores de economia e inclusão social. Índices históricos de crescimento econômico e redução da pobreza garantiram ao ex-metalúrgico 83% de aprovação popular – o maior patamar entre presidentes desde o fim da ditadura – e a eleição de sua sucessora, Dilma Rousseff, uma estreante nas urnas.
Mas o balanço da "era Lula" tem suas tragédias. Escândalos de corrupção abalaram o primeiro mandato (2003-2006), mancharam a imagem do Partido dos Trabalhadores (PT) e contribuíram para que o Congresso seja hoje a instituição de menor credibilidade entre os brasileiros.
Na economia, o maior mérito do governo petista foi a manutenção da política dos governos anteriores. Crítico do Plano Real, Lula, ao chegar ao Planalto, deu continuidade ao programa que controlou a inflação. A medida assegurou a estabilidade econômica e possibilitou que outras questões importantes, como saúde, educação e segurança pública, fossem discutidas.
O PIB (Produto Interno Bruto), que representa a soma de todas as riquezas de um país, teve um crescimento médio anual de 4,0% nos dois mandatos. O índice é quase o dobro do registrado no período de 1981 a 2002 (2,1%). Assim, o Brasil passou de 12º lugar para 8º no ranking das maiores economias do mundo.
Neste contexto, a redistribuição de renda foi o principal destaque. Programas sociais como o Bolsa Família, a expansão do crédito e o aumento de empregos formais e do salário mínimo (que passou de R$ 200 em 2002 para R$ 510, em 2010) permitiram a ascensão de classes mais pobres.
O efeito também foi sentido no setor empresarial: a maior renda do trabalhador converteu-se em compras. A alta no consumo, por sua vez, estimulou investimentos no comércio e na indústria, inclusive em contratações, realimentando o ciclo. O resultado foi a redução em 43% do número de pobres (brasileiros com renda per capital mensal inferior a R$ 140), que caiu de 50 milhões para 29,9 milhões desde 2003.
Política externa
No cenário internacional, o governo petista surpreendeu – para o bem e para o mal. Quando foi chamado de "o cara" pelo presidente norte-americano Barack Obama, Lula já desfrutava do prestígio de ser uma liderança internacional. Durante seu governo, o Brasil reforçou laços políticos e comerciais, sobretudo na América do Sul, África e Ásia.
Na diplomacia, a posição do governo em relação a regimes ditatoriais como Cuba e Irã abalou a imagem do país no exterior. O próprio Lula contribuiu para isso. Primeiro, ele comparou os protestos no Irã com queixas de um time derrotado. Depois, em visita a Cuba quando da morte de um preso político em greve de fome, comparou os dissidentes a presos comuns. Foram também vergonhosas as posturas do Brasil em fóruns internacionais com respeito a área de direitos humanos, como no caso da iraniana condenada a pena de morte, e no apoio ao projeto nuclear do Irã.
"Mensalão"
O pior aspecto do governo Lula, contudo, foram os sucessivos escândalos políticos. Na oposição, o PT se mostrava como uma alternativa ao fisiologismo político, o corporativismo e a corrupção que reinava entre os partidos. Uma vez no poder, aderiu às mesmas práticas. O "mensalão", em 2005, foi o divisor de águas na era Lula. O esquema envolvia o pagamento de propinas a parlamentares em troca de apoio ao governo em votações no Congresso. Na época, o presidente contava com apenas 31% de aprovação.
As denúncias derrubaram o principal ministro de Lula, José Dirceu (Casa Civil), e toda a cúpula do PT. No segundo mandato, Lula refez sua base política e "construiu" a candidata Dilma Rousseff para sucedê-lo no cargo. Atualmente, 38 envolvidos no caso respondem a processos por diversos crimes.
Na seqüência, houve a Operação Sanguessuga da Polícia Federal, que expôs políticos que desviavam verbas públicas destinadas à compra de ambulâncias. Ás vésperas das eleições de 2006, outra "bomba": um grupo de petistas, chamados pelo próprio presidente de "aloprados", foi flagrado tentando comprar um falso dossiê contra o candidato tucano José Serra.
No segundo mandato ocorreram novos escândalos, como o caso dos cartões corporativos – funcionários do Planalto que faziam uso irregular de cartões de crédito oficiais – e um suposto esquema de tráfico de influência envolvendo a família da ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra.
Saldo
Em oito anos no governo, Lula se consolidou como um fenômeno político graças ao seu apelo junto às camadas mais pobres da população. Porém, sua sucessora na Presidência vai herdar problemas que, se não forem resolvidos, podem comprometer o progresso do país.
Na Educação, 14 milhões de brasileiros com idade acima de 15 anos são analfabetos. Na Saúde, faltam leitos hospitalares, médicos e o país enfrenta uma epidemia de dengue que contaminou, somente este ano, quase 1 milhão de pessoas. Em pleno século 21, 56% dos domicílios não possuem rede de esgoto, e a infraestrutura deficitária (estradas, ferrovias, portos e aeroportos) ainda é um entrave para o desenvolvimento.
Lula também deixou de fazer reformas importantes, como a da previdência, a agrária e a tributária. O legado contabiliza ainda um Estado mais caro em razão de contratações feitas para atender interesses políticos e partidários. Em resumo, Lula continuou o projeto de um país socialmente mais justo e de moeda estável. Mas, ao mesmo tempo, manteve o que há de pior na política brasileira.
Heidi Strecker*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Natal é sempre uma data feliz e muito especial. Nesse dia se comemora o nascimento de Jesus Cristo. Para os cristãos, Jesus veio ao mundo para salvar os homens de seus pecados. Contam que o menino Jesus nasceu na cidade de Belém, numa manjedoura, entre os animais. Foi sua primeira lição de humildade. Uma estrela - a estrela de Belém -guiou os reis magos que foram levar presentes para o menino: ouro, incenso e mirra.
Muitos católicos vão à Missa do Galo, à meia-noite do dia 24. É uma tradição bem antiga. Vão rezar e celebrar o nascimento de Jesus. Na verdade, não se sabe ao certo o dia em que Jesus Cristo nasceu. A Igreja passou a comemorar o Natal no século 4 d.C.
Em muitos países, o Natal é a época do frio e da neve. No dia 25 de dezembro, os romanos celebravam o retorno do sol, depois do período do solstício de inverno, em que os dias são bem curtos. O Imperador Constantino (que era cristão) resolveu substituir estas festas pagãs pelas festas cristãs.
Muitos costumes pagãos até hoje fazem parte das comemorações do Natal, como enfeitar a porta de casa com guirlandas e acender velas ao anoitecer, o que também está ligado ao culto do sol.
A árvore de Natal é uma das tradições natalinas mais fortes e está ligado ao animismo dos povos antigos. Os egípcios levavam folhas de palmeira para dentro de casa, os celtas adoravam o carvalho e os romanos enfeitavam o abeto. Na tradição cristã o pinheiro tornou-se a árvore do Natal. É costume enfeitar o pinheiro de Natal com bolas, fitas, velas ou pequenas luzes pisca-piscas. De arremate, uma estrela na ponta, lembrando a estrela de Belém.
O hábito de trocar presentes no Natal também é bem antigo e está ligado à figura de Papai Noel, que tem uma origem curiosa. Seu nome era Nicolau e ele nasceu na cidade de Myra. Tinha o costume de presentear secretamente as três filhas de um homem muito pobre, todo dia 6 de dezembro. A data transferiu-se para o dia 25 e o costume de dar presentes se manteve. Depois que virou bispo e foi canonizado, São Nicolau passou a usar roupas vermelhas, botas, cinto e um chapéu.
O presépio é a representação do nascimento de Jesus num estábulo. São Francisco de Assis, no ano 1223, resolveu passar o Natal numa gruta. E divulgou a idéia de criar figuras em barro para representar o nascimento de Jesus. Foram criados muitos presépios a partir desta data. Em Nápoles a arte do presépio alcançou grande requinte. No Brasil há presépios muito bonitos. Em algumas regiões do Nordeste, a tradição de retratar as figuras de Nossa Senhora e São José, do menino Jesus num berço de palha, de anjos, pastores e animais passa de pai para filho.
Pessoas de outras religiões, como os judeus, os budistas e os muçulmanos, não comemoram o Natal. Eles possuem outras festas religiosas. Mas a festa se popularizou tanto, principalmente por causa dos presentes e da oportunidade que eles representam para o comércio, que muitos não cristãos não deixam de participar delas, com seus amigos cristãos.
Desse modo, pouca gente escapa ao espírito de Natal. A época de Natal sempre esteve associada à generosidade, ao amor, à esperança e ao sentimento fraterno. Nada melhor do que estar com a família e os amigos, aproveitar a ceia de Natal, ouvir as músicas natalinas, lembrar das tradições. E trocar presentes, claro!
*Heidi Strecker é filósofa e educadora.
Heidi Strecker*
Especial para Página 3 - Pedagogia & Comunicação
Todos nós sabemos que ver uma criança vivendo na rua, um doente sem tratamento médico, uma pessoa sendo maltratada ou alguém passando fome são coisas tristes e muito difíceis de aceitar.
Estas situações são um atentado contra os direitos humanos! Mas o que são direitos humanos? São aqueles direitos que nascem com a pessoa, não importa a raça, a cor, o sexo, a religião ou a nacionalidade.
Mas quando foi criada a Declaração Universal dos Direitos Humanos?
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) no dia 10 de dezembro de 1948. Esta atitude da Organização das Nações Unidas foi uma resposta às crueldades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial.
Entre estas crueldades estavam os crimes praticados pelos nazistas, que atingiram judeus, comunistas, ciganos e homossexuais. E também as bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, matando milhares de pessoas inocentes.
Através da Declaração Universal dos Direitos Humanos, os diversos países se comprometeram a realizar um esforço para eliminar todas as formas de afronta a esses direitos.
O princípio básico desta declaração está colocado logo no começo: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos". Muito bom. Baseada neste princípio, a declaração proíbe a escravidão, a tortura e todas as formas de discriminação e violência.
Também proíbe o tratamento desigual entre brancos e negros, entre homens e mulheres. Quando vemos brancos e negros receberem salários diferentes para uma mesma função, por exemplo, sabemos que isto é um desrespeito aos direitos humanos!
A Declaração também diz que todos têm direito à liberdade de expressão, de opinião e de pensamento.
Podemos observar que diversos problemas sociais do nosso país também ferem os direitos humanos, como a fome, a falta de habitação, de saneamento básico, a falta de segurança. Isso faz pensar numa coisa. Não basta às pessoas ter direitos. Estes direitos precisam ser reconhecidos e aplicados.
Pois bem, às vezes pensamos que não podemos fazer nada, mas as coisas não são bem assim. Todos podem lutar pela aplicação dos direitos humanos. Podemos protestar quando vemos um direito sendo violado. Podemos participar mais da vida na nossa escola e na nossa comunidade.
Podemos nos expressar, discutir com nossos colegas, falar com pessoas da nossa família. Existem também muitas associações e entidades que lutam pelos direitos humanos. Quando as pessoas se unem, têm muito mais força para transformar a realidade.
Realmente, dia 10 de dezembro é uma data que vale a pena celebrar!
O G20, grupos das vinte maiores economias do mundo, se reúne esta semana, entre os dias 10 e 12 de novembro, em Seul, capital da Coreia do Sul. O principal assunto do encontro será a chamada "guerra cambial". A disputa monetária vem afetando sobretudo países emergentes, como o Brasil. "Guerra cambial" é um conjunto de medidas econômicas adotada por governos para desvalorizar suas moedas. Os países fazem isso porque, com a moeda nacional "fraca", os produtos para exportação ficam mais baratos no mercado internacional e, assim, ganham competitividade. Para entender como isso acontece e como prejudica países como o Brasil, vamos primeiro analisar as estratégias dos dois maiores protagonistas da "guerra cambial": os Estados Unidos e a China. Não por acaso, são também, atualmente, as duas maiores potências econômicas mundiais. Os economistas entendem que a disputa se iniciou quando os Estados Unidos colocaram mais dólares em circulação no mercado. Somente no dia 3 de novembro, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), anunciou a "injeção" de US$ 600 bilhões (R$ 1 trilhão) nos mercados até 2011. É a mesma coisa, por exemplo, se um país tivesse uma safra muito grande de milho numa determinada estação. Com mais milho na praça, o produto seria desvalorizado, isto é, seu preço iria cair nas feiras livres e supermercados. Com a moeda acontece o mesmo. Com mais dólares em circulação, o dinheiro americano se desvaloriza frente às outras moedas, como o real. O governo americano adotou essa medida porque precisava exportar mais para recompor sua economia, afetada pela crise financeira internacional de 2008. Como o mercado interno não dava conta disso, pois as pessoas estão desempregadas ou poupando mais do que gastando, a solução foi apelar para o mercado externo. Para isso, é preciso tornar os preços mais competitivos (principalmente em relação aos chineses). Daí as medidas para "enfraquecer" a moeda. Desse modo, um brasileiro que pagava três vezes mais por um produto americano, em dólar, hoje, com a moeda americana a menos de R$ 2, paga, o mesmo produto, bem mais barato, ou seja, este se torna mais atrativo para o consumidor.
China
Mas o grande vilão da história, dizem os especialistas, é a China. O país desvalorizou primeiro sua moeda, o yuan, por meio do câmbio fixo. Câmbio fixo significa que a cotação da moeda local é controlada pelo Estado. Ou seja, é o governo que determina o quanto vale o dinheiro em relação ao dólar. É o contrário do que acontece na maioria dos países, onde se adota o chamado câmbio livre, que é quando a cotação é definida pelas operações no mercado financeiro. Soma-se a isso o fato da China ser o maior exportador mundial e está criado um problema e tanto. A reação dos demais países, como os Estados Unidos, foi o que deu início à "guerra cambial". Recentemente, até o presidente Luis Inácio Lula da Silva reclamou da "guerra cambial" travada entre a China e os Estados Unidos. E ele não está sozinho nessa queixa. A desvalorização da moeda americana prejudica as economias de outros países, tanto no mercado externo (pois os produtos ficam mais caros e perdem na concorrência com os estrangeiros) quanto no interno, pois as importações ficam mais baratas. Imagine um empresário brasileiro que vende uma câmera digital por R$ 300 no mercado nacional. Aí chega ao Brasil um produto chinês que custa US$ 90, o que dá pouco mais de R$ 150 - a metade do que custa o mesmo artigo brasileiro. Mesmo que o empresário reduza os custos de produção para tentar tornar seu eletrônico mais competitivo com o chinês, ele não irá conseguir. Sua única opção será demitir funcionários. Fazendo isso, ele cria um "efeito dominó": com mais gente desempregada, cai o consumo e outras empresas também vendem menos. Para evitar um estrago maior, alguns governos promoveram intervenções cambiais (isto é, na moeda) e fiscais (em tributos). O objetivo é frear a queda do dólar e do yuan. Países emergentes, com economias estáveis e, por isso, atrativas para investidores, ficam mais vulneráveis à "guerra cambial". O governo brasileiro, entre outras medidas, elevou de 2% para 4% (e depois, para 6%) o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Este imposto é cobrado sobre investimentos estrangeiros em rendas fixas, como títulos do governo. Na prática, o ajuste visa a conter a enxurrada de dólares no país.
Negociações
Porém, a solução definitiva, segundo economistas, depende da manutenção do câmbio livre com algumas medidas de controle por parte dos governos. Isso vai depender de negociações entre os líderes mundiais. A China, por exemplo, teria que valorizar mais a sua moeda. Para discutir estas propostas, o G20 reúne, em seu quinto encontro, presidentes e ministros da Fazenda do mundo todo. Representando o Brasil, estarão presentes, além de Lula, a presidente eleita, Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda Guido Mantega. O G20 foi criado em 1999 com o objetivo de propor soluções em conjunto para a economia mundial. O primeiro encontro foi realizado em Berlim, capital da Alemanha. Juntos, os países membros representam 90% do PIB (Produto Interno Bruto) e 80% do comércio globais, assim como dois terços da população mundial. A Coreia do Sul é o primeiro país asiático e o único que não faz parte do G8 (grupos das oito maiores economias do mundo) a sediar a cúpula. Ao final do evento, a presidência do G20 será passada para a França
As eleições gerais do próximo dia 3 de outubro serão as maiores da história do país. Um total de 135 milhões de brasileiros irá às urnas escolher entre mais de 20 mil candidatos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os políticos concorrem a cargos de presidente da República, governador, senador e deputados estadual, federal e distrital. A despeito da importância, a campanha eleitoral foi marcada pelo marasmo, com pouca empolgação dos eleitores e sem debates políticos em torno de propostas detalhadas de governo. O clima só mudou nos bastidores, com denúncias de escândalos de corrupção e com o destaque para candidatos folclóricos que disputam uma vaga no Congresso. Para as vagas do Luiz Inácio Lula da Silva. Também serão escolhidos os ocupantes do Poder Legislativo. O Senado Federal é composto por 81 parlamentares com mandato de oito anos e direito a reeleições sem limites. Cada Estado tem direito a três representantes. Um terço das cadeiras é renovado numa eleição e os outros dois terços, quatro anos depois. Em 2006 foram escolhidos 27 senadores e, este ano, portanto, serão 54 - dois para cada Estado e mais Distrito Federal. Em São Paulo, por exemplo, os senadores Aloizio Mercadante (PT) e Romeu Tuma (PTB) terminam o mandato este ano, enquanto o de Eduardo Suplicy (PT) vai até 2014. Para o Senado, vigora o chamado sistema majoritário, em que vencem os candidatos que obtiverem mais votos (o mesmo sistema válido para presidente e governadores). Na Câmara dos Deputados, cada Estado possui um número de cadeiras proporcional à sua população. São 513 deputados federais que cumprem mandato de quatro anos e também podem se reeleger sem limites. Há um número mínimo de oito (Distrito Federal, Roraima, Acre e Sergipe, entre outros) e um máximo de 70 parlamentares (São Paulo) para cada Estado. A escolha segue o sistema de proporcionalidade, o mesmo válido para os deputados estaduais de 26 Assembleias Legislativas e da Câmara Legislativa do Distrito Federal (total de 1.057 cadeiras). A proporcionalidade funciona por meio do cálculo do total de votos recebidos divido pelo número de vagas no Estado, obtendo-se o quociente eleitoral. Se um Estado tiver 1 milhão de votos e houver 10 vagas, o quociente será 100 mil. Este será, consequentemente, o número mínimo de votos que um partido ou coligação terá que atingir para eleger um deputado. Se um partido obtiver 200 mil votos, por exemplo, ele irá eleger dois parlamentares, que serão os dois mais votados da legenda.
Presidenciáveis
As próximas eleições serão, também, as primeiras sem a participação do presidente Lula desde 1989. Nesta data foi realizada a primeira eleição direta para presidente desde o golpe militar de 1964. A votação terminou com a vitória, no segundo turno, do presidente Fernando Collor de Mello, que sofreria impeachment dois anos após iniciar o mandato. Mesmo com a estabilidade econômica e melhoria nos indicadores sociais, o próximo presidente terá importantes desafios pelo frente. O país ainda possui graves distorções sociais e regionais que são um entrave para o desenvolvimento. Um dos números mais representativos do atraso, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que apenas 59% dos domicílios brasileiros possui rede de esgoto ou fossa séptica. Isso agrava problemas ambientais e de saúde pública. Porém, as eleições presidenciais deste ano são as mais desestimulantes desde a redemocratização do Brasil, segundo especialistas. Ela ficou mais uma vez polarizada entre candidatos de dois partidos: Dilma Rousseff (PT), que conta com 50% das intenções de votos, e José Serra (PSDB), com 27%. A terceira colocada é a candidata Marina Silva (PV), com 13% das intenções de votos, de acordo com pesquisas mais recentes. Amparada pela popularidade recorde de quase 80% do presidente, Dilma Rousseff pode ser eleita já no primeiro turno. Os candidatos, no entanto, apresentam discursos semelhantes e, com isso, praticamente esvaziam o debate, de onde estão ausentes propostas conflitantes ou temas polêmicos. Soma-se a isso o fato de nenhum deles ter apresentado programas de governo detalhados, isto é, especificando como conseguirão realizar todas as promessas de campanha. A campanha só "esquentou" com denúncias de corrupção no governo. O primeiro caso foi a quebra de sigilo fiscal da filha de José Serra (PSDB), supostamente por adversários políticos com intenções eleitorais. Outra foi de um suposto esquema de tráfico de influência envolvendo a família da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, sucessora de Dilma, e os Correios. Já na reta final, ocorreram novos embates entre o Governo Federal e a imprensa. Criticado por atuar como "cabo eleitoral" e usar a máquina pública para eleger sua sucessora, Lula reclamou da cobertura tendenciosa dos meios de comunicação. As empresas de comunicação reagiram, apontando uma tendência de censura, em voga atualmente em países como Venezuela e Argentina.
Palhaço
As eleições de outubro serão importantes também porque devem renovar as Casas legislativas, responsáveis por propor leis, aprovar orçamentos e fiscalizar os atos do Executivo. O grande destaque ficou por conta da aprovação da lei da Ficha Limpa. A lei proíbe a candidatura de políticos que tenham sido condenados ou que tenham renunciado para evitar processo de cassação. O projeto foi aprovado em 19 de maio no Senado, mas ficou a dúvida a respeito de se valeria já para estas eleições ou somente a partir das próximas. O impasse deverá ser decidido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mas, mesmo assim, a lei já serviu para dar ao eleitor mais um instrumento de fiscalização e de "filtro" de candidaturas. O lado negativo das eleições do Legislativo deste ano foi a "explosão" de candidatos folclóricos, cujo maior representante é o palhaço Tiririca, candidato a deputado federal pelo PR. Com uma atitude debochada e a suspeita de que seja analfabeto (o que anularia sua candidatura), ele pode ser o parlamentar mais votado no país, segundo pesquisas de intenção de voto. Tiririca representa uma tradição brasileira de expressar o descontentamento com a política votando em figuras caricatas. Até os anos 1980, fizeram sucesso os votos nulos para o rinoceronte Cacareco (1958) e o Macaco Tião (1988). Com a substituição das cédulas de papel por urnas eletrônicas, a partir de 1996, surgiram os candidatos folclóricos, como Enéas Carneiro (conhecido pelo bordão "Meu nome é Enéas!") e artistas como Clodovil e Frank Aguiar. Para os partidos, candidatos famosos são chamarizes de votos para a legenda. Para a população, infelizmente, na maior parte das vezes resultam em piora na qualidade do Congresso.
FONTE: UOL ATUALIDADES
Durante quase três décadas, a Alemanha viveu uma condição tão surreal que parecia digna de roteiro dos filmes alemães dos anos 1920, como O Gabinete do Dr. Caligari ou Nosferatu. Após os nazistas perderem a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o país foi dividido em dois, com nomes, bandeiras, moedas, hinos, tudo diferente. E, pior, quem estava de um lado da fronteira não podia atravessar para o outro para rever os parentes ou amigos. Os alemães do lado Leste, o "primo pobre", eram impedidos de sair por um muro de 155 km de extensão que cortava a capital, Berlim, ao meio. O lado Oeste, rico e democrático, recuperou-se do fim da guerra, mas no outro, a situação ficou bem diferente. Faltavam artigos de primeira necessidade e o povo era oprimido por uma das polícias secretas mais eficientes do mundo, a Stasi. A queda do Muro de Berlim (construído em 1961 e derrubado em novembro de 1989) foi um dos maiores eventos do século 20. Em uma noite, os alemães derrubaram o muro que cindia o país em dois, dando fim à Guerra Fria e início à queda dos regimes comunistas no Leste Europeu e ao mundo globalizado. Onze meses depois, em 3 de outubro de 1990, ocorreu a reunificação da Alemanha, por meio de acordos. Nesta data, a antiga República Democrática Alemã (RDA), ou Alemanha Oriental, foi dissolvida e o território anexado à República Federal da Alemanha (RFA), ou Alemanha Ocidental, pondo fim à divisão do país. Nascia, ali, a maior potência econômica da Europa, que, apesar disso, ainda luta para se reconciliar com o passado. Após 20 anos, a Alemanha permanece dividida econômica, social e politicamente. O Leste, da antiga RDA, continua defasado em relação ao Oeste, o que mostra que o processo de reunificação ainda não terminou.
Império Alemão
A Alemanha não existia antes de 1871. Após a derrota do imperador francês Napoleão Bonaparte , em 1815, o antigo Sacro Império Romano-Germânico foi dividido pelo Congresso de Viena em 39 Estados soberanos. Em comum, esses povos compartilhavam a mesma raiz cultural e língua alemã, além da economia predominantemente agrária e política feudal. Os reinos dominantes eram a Prússia, governada pelos Hohenzollern, e a Áustria, dos Habsburgos. A primeira tentativa de unificação dos reinos aconteceu em 1848. Neste ano, ocorreram revoltas populares por toda a Europa contra as monarquias absolutistas. Contudo, os monarcas da Prússia e da Áustria conseguiram se manter por mais tempo no poder, adiando a unificação. Nos anos seguintes, foi o próprio governo da Prússia, mais desenvolvida e industrializada que a Áustria, que liderou o movimento de unificação. Para isso, foi fundamental o apoio de setores da burguesia. Quando o rei Guilherme 1º assumiu o trono, em 1862, ele nomeou o primeiro-ministro Otto von Bismarck para iniciar o processo. Mas foram necessárias três guerras contra a Dinamarca, Áustria e França, ao fim das quais, em janeiro de 1871, Guilherme I foi coroado primeiro kaiser (imperador) do Império alemão (1871-1918). O império unificou a Alemanha em um Estado moderno, como exceção da Áustria. Seguiu-se um período de expansão colonialista e crescimento econômico, que terminou com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Derrotada na guerra, a Alemanha sofreu uma revolução que depôs o imperador Guilherme II e proclamou a República de Weimar (1919-1933). Porém, a situação do país era precária no pós-guerra, principalmente pelas condições impostas pelo Tratado de Versalhes. O ambiente, por outro lado, era propício para inflamar o sentimento nacionalista dos alemães, e, assim, levar ao poder o partido nazista de Adolf Hitler , que desencadearia a Segunda Guerra Mundial.
Muro de Berlim
O fim da segunda guerra, mais uma vez, deixou a Alemanha derrotada e em ruínas. Em 1949, a nação foi dividida em duas áreas de regimes políticos e econômicos diferentes. O lado ocidental era controlado pelos Aliados, enquanto o lado oriental ficou com a antiga União Soviética. Berlim, a capital, também tinha seu lado ocidental e oriental. Logo as divergências sociais entre as duas Alemanhas se tornaram evidentes. O Oeste capitalista progredia, ao passo que no Leste havia escassez de produtos e liberdade. Por isso, eram constantes as fugas de alemães para a parte ocidental. Para conter as fugas foi construído, em 13 de agosto de 1961, um muro dividindo o país, transformando a RDA numa prisão para 17 milhões de alemães. Já ao final dos anos 1980, a situação dos regimes comunistas era insustentável no Leste Europeu. Prevendo isso, o líder soviético Mikhail Gorbatchev (1985-1991) iniciou duas reformas, uma política (a glasnost), e outra econômica (a perestroika). As duas juntas levaram à dissolução da União Soviética em 1991. Sem o apoio militar dos soviéticos para conter as revoluções, os governos comunistas na Europa começaram a cair um por um. Primeiro a Polônia, por meio de eleições gerais em 1988. No ano seguinte foi a vez da Hungria, com uma abertura promovida pelo próprio governo. Com as fronteiras sendo abertas aos poucos, ficou impossível para a Alemanha Oriental sustentar o muro por mais tempo. Os protestos cresciam por todo país, até que, finalmente na noite de 9 de novembro de 1989, o muro veio abaixo.
Dissolução
No ano seguinte, em 18 de março, foram realizadas as primeiras eleições livres na RDA, com o tema da reunificação dominando os debates. A essa altura, o país já se esfacelava, o que obrigou o governo a fazer uma equiparação monetária, tornando o marco a moeda oficial também no Leste. Foram assinados dois tratados antes da reunificação: um entre as Alemanhas e outro com as potências estrangeiras de ocupação, o Tratado "2 + 4", que devolvia ao país sua soberania. Em 3 de outubro de 1990, após votação na Câmara Popular, o governo da RDA reconheceu a dissolução do país e sua integração à República Federal da Alemanha. Depois das comemorações, os alemães começaram a enfrentar as dificuldades. Era preciso integrar a população do lado oriental, que, sem qualificação, não conseguia emprego ou bons salários. Outro problema foi a ascensão de grupos neonazistas. Hoje, o lado Leste ainda é mais pobre que o Oeste. De acordo com o governo, a renda anual per capta dos alemães da antiga RDA é quase 5 mil euros (R$ 11.550) menor. As taxas de desemprego também são maiores e os indicadores sociais, piores no antigo lado comunista. E mesmo a representação política no Leste, que possui um quinto da população, é menos expressiva. A sensação é de que a reunificação ainda não se completou.
FONTE: UOL ATUALIDADES
Na noite do dia 8 de dezembro de 1980, John Lennon voltava para casa acompanhado da mulher, Yoko Ono. Na entrada do edifício Dakota, em Nova York, onde o casal morava, um homem o chamou: "Sr. Lennon!". Antes que pudesse se virar, foi atingido por quatro disparos de revólver calibre 38 e caiu sangrando na portaria do prédio. O autor dos disparos era o ex-segurança Mark David Chapman, de 25 anos, que cumpre pena de prisão perpétua. Seis horas antes, ele havia conseguido um autógrafo do músico na capa do disco "Double Fantasy", o último da carreira de Lennon. Nas mãos, além da arma, Chapman trazia um exemplar de "O Apanhador no Campo de Centeio", livro de J. D. Salinger que, assim como o ex-Beatle, virou símbolo de uma era. Se estivesse vivo, John Lennon teria completado 70 anos no último dia 9 de outubro. Em dezembro, serão 30 anos da morte do músico. Mesmo após a morte, ele continua sendo um sucesso comercial e uma personalidade que influencia gerações. O assassinato de Lennon marcou o fim de uma época de idealismo, contestação política, experimentação com drogas, misticismo oriental e liberação sexual. Um período que teve outros "mártires", como Jimi Hendrix e Janis Joplin , mas nenhum tão emblemático quanto ele. Em apenas duas décadas, Lennon viveu o melhor e o pior da fama. Nos anos 1960, era o mais talentoso dos Beatles, um rapaz alegre e irônico que ditava a moda e o comportamento da geração "paz e amor". Nos anos 1970, já casado com a artista plástica japonesa Yoko Ono, engajou-se em campanhas pacifistas e se envolveu em polêmicas. Nos últimos anos de vida, era um pacato pai de família.
Garotos de Liverpool
John Winston Lennon nasceu em 9 de outubro de 1940 em Liverpool, cidade portuária da Inglaterra. Era a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e a cidade sofria com os bombardeios nazistas. O nome do meio era uma homenagem a Winston Churchill , primeiro-ministro durante a guerra. John era filho de um marinheiro, Alfred, que abandonou a família quando ele tinha 4 anos de idade. A mãe, Julia, deixou o menino aos cuidados da irmã para viver com outro homem. O jovem só reencontraria a mãe anos mais tarde, em 1952, quando ganhou dela sua primeira guitarra. Mas a companhia durou pouco: Julia morreu atropelada em 1958. Dois anos antes, Lennon conheceu seu futuro parceiro musical, James Paul McCartney . Paul era dois anos mais novo, vinha também de uma família de classe média e a mãe havia morrido de câncer quando ele tinha 14 anos. Além das tragédias familiares, os dois tinham em comum o gosto pela música. Eles tocavam juntos numa banda criada em 1956, chamada Quarrymen - nome inspirado na escola que frequentavam, a Quarry Bank High School. Mais tarde, George Harrison (morto em 2001) se juntaria ao grupo. A banda tocava em bares e fazia pequenas turnês pela Europa. Em 1960, o nome do grupo foi mudado para The Beatles (Os Besouros), em homenagem à banda de Buddy Holly, The Crickets (Os Grilos). No ano seguinte, os rapazes foram vistos no famoso bar Cavern Club pelo empresário Brian Epstein, que os levou a assinarem os primeiros contratos de gravação. Antes de gravarem os primeiros sucessos, o baixista da banda, Stuart Sutcliffe, deixou o grupo para se casar e se dedicar à pintura. E outro integrante, o baterista, foi substituído por Richard Starkey Jr., ou Ringo Starr , completando a formação dos Beatles, com John Lennon e George Harrison nas guitarras e Paul McCartney no baixo. Entre 1962 e 1963, os Beatles lançaram seus primeiros compactos e álbum, alcançando enorme sucesso na Inglaterra e Estados Unidos. Em apenas oito anos eles reescreveram a história da indústria e da cultura da música pop internacional. Ficaram famosos no mundo inteiro - mais do que Jesus Cristo, numa das controversas frases de John - e receberam da rainha Elizabeth a Ordem do Império Britânico, uma condecoração tradicional. Depois da morte do empresário, em 1967, Paul McCartney tentou assumir os negócios da banda, dando início às desavenças. O grupo se dissolveu em 1970, deixando 13 discos com músicas que inspiram milhares de pessoas no mundo todo.
Paz e amor
Para os críticos, outro motivo da separação dos Beatles foi a influência de Yoko Ono na vida de John Lennon. Eles se conheceram em 1966. O ex-Beatle era casado com Cynthia Powell e tinha um filho, Julian Lennon. Dois anos depois, começaram um relacionamento amoroso que provocou o divórcio do músico. De certo modo, Yoko ajudou-o a se livrar de dois casamentos que o deixavam frustrado, um com a mulher e outro com os Beatles. Ao lado de Yoko, Lennon fez uma bem sucedida carreira solo como músico e ativista político. Ficaram famosos os "bed ins", coletivas de imprensa em cama de hotéis, promovidos pelo casal em campanhas contra as guerras. Lennon gravou duas músicas que se tornaram símbolo do pacifismo, "Give Peace a Chance" ("Dê uma chance à paz") e "Imagine", cujos versos diziam "Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz". Por sua atuação política, o casal foi vigiado pelo FBI, a polícia federal americana. Eles também foram presos com drogas e ameaçados de expulsão dos Estados Unidos. Após o nascimento de Sean Lennon, em 1975, Lennon abandonou a profissão para se dedicar à família. Ele só rompeu o autoexílio cinco anos depois, para gravar o último disco, poucos meses antes de ser assassinado. Neste ano, as comemorações vêm acompanhadas por uma nova onda de popularidade de John Lennon. Elas incluem o relançamento dos álbuns e o licenciamento para diversos produtos, entre eles uma caneta Montblanc enfeitada com pedras preciosas e o uso da imagem do ex-Beatle para vender até carro. Detentora dos direitos autorais de Lennon, Yoko Ono se defende dizendo que essa é a melhor maneira de manter viva a memória do marido. Discussões à parte, o fato é que John Lennon está mais vivo do que nunca.
è Questão Christie (1862-65)
è Questões Platinas
è Guerra do Paraguai (1864-70)
Fiel à sua doutrina, todos os anos a Igreja católica combate com veemência os excessos cometidos pelos foliões durante a maior festa popular do Brasil, o carnaval. O que pouca gente sabe é que esta folia pagã tem o seu calendário definido em conseqüência de um sistema de cálculo inventado pela própria Igreja católica.
Por essa metodologia, a igreja, primeiro, define uma de suas datas mais sagradas, o domingo de Páscoa, quando comemora a ressurreição de Jesus Cristo. A partir daí, chega-se ao domingo de carnaval com uma fórmula simples: contam-se retroativamente sete domingos.
É exatamente por isso que o domingo de Páscoa e o carnaval são datas móveis, ao contrário de outros feriados, fixos, a exemplo do 21 de abril (morte de Tiradentes), 7 de setembro (Independência), 2 de novembro (Finados) ou 15 de novembro (Proclamação da República).
Lua cheia eclesiástica
Como regra básica, a Páscoa tem de cair no primeiro domingo após a lua cheia que seguir ao equinócio de primavera no hemisfério norte. O equinócio marca o início da primavera - geralmente, a 21 de março. No entanto, a Igreja católica se baseia em projeções sobre o satélite feitas no início da Idade Média, que já não coincidem com o ciclo lunar real. Assim a Páscoa depende da chamada "lua cheia eclesiástica".
Durante muitos séculos, os fiéis e os próprios representantes da Igreja católica encontraram muitas dificuldades para entender e explicar a fixação do calendário da Páscoa e do próprio carnaval porque havia uma discrepância muito grande entre as datas.
Somente com a entrada em vigor do atual calendário, o gregoriano, criado pelo papa Gregório 13 (1502-1585), no século 16, é que o domingo de Páscoa passou a cair obrigatoriamente entre 22 de março e 25 de abril. A partir destas duas referências, os responsáveis pela organização do carnaval podem programar a festa com muita antecedência.
A instituição do calendário gregoriano aconteceu em 1582. Alertado por astrônomos sobre algumas imprecisões no calendário juliano, a Igreja católica suprimiu dez dias (de 5 a 14 de outubro) daquele ano para efetuar o ajuste no tempo. Ou seja: as pessoas foram dormir no dia 4 de outubro e acordaram no dia 15.
Carnaval fixo
A partir da década de 70, empresários e agentes hoteleiros que trabalham principalmente em cidades turísticas, como Rio de Janeiro, Salvador e Recife, iniciaram um movimento, para determinar uma data fixa para a folia carnavalesca, sob a alegação de que a festa móvel traz prejuízos econômicos ao país.
Mesmo sabendo da data com anos de antecedência, muitos turistas estrangeiros não conseguem vir ao Brasil porque não estão de férias no período carnavalesco. De acordo com os empresários, com uma data fixa, os turistas e os milhões de brasileiros que gostam do carnaval poderiam se programar para participar da festa. Por enquanto, eles ainda não obtiveram sucesso. Prevalece a tradição católica.
autora:Manuela Martinez é jornalista e publicitária.