quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ceará na Era Vargas e ceará Na República Populista


  • Ceará na Era Vargas: com a era Vargas (1930-1945) extin­guiram-se o cangaço e os movimentos messiânicos nordestinos. Para isso, contribuiu o aumento da repressão, a migração de nordestinos para as indústrias do centro­-sul e a maior integração dos sertões nordesti­nos com o resto do país. Os Estados passaram a ser governados por interventores. O primeiro interventor cearense foi Fernandes Távora (1931, logo demitido por continuar com as mesmas práticas da República velha). O segundo interventor cearense foi Roberto Carneiro de Mendonça (1931-1934, um "neutro" e "estrangeiro", que procurou conciliar os "revolucionários" de 1930 com as antigas oligarquias). No Período da interventoria Carneiro de Mendonça, reorganizaram os partidos locais. Os "revolucionários" de 1930 fundaram o partido social democrático (PSD), enquanto as tradicionais oligarquias se reuniam na Liga Eleitoral Católica (LEC, ligada a Igreja e até aos notórios fascistas, conseguiu enorme penetração no Ceará) O terceiro interventor foi Felipe Moreira Lima (1934-1935, que realizou uma gestão agitada. Aliado ao PSD, não conseguiu evitar que a LEC vencesse as eleições legislativas de 1934 e indicasse, indiretamente, em 1935, o novo governador do Estado), Menezes Pimentel - as antigas oligarquias voltavam ao poder. Menezes Pimentel administrou o Ceará por 10 anos (entre 1935 e 1937, como governador legal, e entre 1937 e 1945, como in inventor o Esta o Novo. Foi um período muitas violências.


  • A Legião Cearense do Trabalho (LCT) foi uma organização operária conservadora, paternalista, autoritária, corporativista, anti-comunista e antiliberal (essencialmente fascista), existente no Ceará entre 1931 e 1937, fundada por Severino Sombra. O seu sucesso é devido ao baixo grau de organização e de consciência do trabalhador, a neutralidade do interventor cearense Carneiro de Mendonça e o apoio da Igreja. O Pensamento da LCT e de Sombra estava no livro O Ideal Legionário. Visava criar um Estado centralizado, interven­cionista, harmonioso e corporativista, "protegendo” os trabalhadores. Também se destacaram na entidade os nomes do padre Hélder Câmara, Jeová Mota e Ubirajara Índio do Ceará. Sombra pensava em estender a Legião para todo o Brasil. Mas por apoiar "­Revolução Constitucionalista de 1932, foi preso e exilado para Portugal. Depois a LCT acabou se filiando à AIB de Plínio Salgado. Em 1933, Sombra retomou do exílio e, não conseguindo obter a chefia da AIB abandonou a LCT e fundou no Ceará uma entidade semelhante, a Campanha. Legionária. Contudo, não obteve sucesso devido ao apoio agora prestado pela Igreja aos integralistas, o surgimento de entidades operárias de esquerda, as disputas com a própria LCT e a Lei de Sindicalização de Vargas. A LCT, a Campanha Legionária e a AIB foram fechadas com a implantação do Estado Novo.


  • Caldeirão foi uma comunidade messiânica, coletiva e igua­litária, surgida no Cariri cearense sob a liderança do beato José Lourenço e destruída em 1937 pelo governo Menezes Pimentel com o apoio da Igreja e dos latifundiários. José Lourenço, paraibano, negro, analfabeto, chegou a Juazeiro do Norte em 1890, sendo aconselhado pelo padre Cícero a estabelecer-se na região e a trabalhar com algumas famílias de romeiros. Assim arrendou um lote de terra no sítio Baixa Danta.
    Nos anos de 1920 envolveu-se na questão do "boi santo" e foi obrigado a deixar o sítio Baixa Danta. Provavelmente no ano de 1926, padre Cícero acomodou Lou­renço e seguidores no sítio Caldeirão de sua pro­priedade. No Caldeirão criou-se uma comunidade semelhante à de Canudos, baseada na religião. Com a "Revolução" de 1930, militares inspecio­naram o sítio em busca de armas. Em 1932, a fazenda abrigou retirantes da seca. Nesse ano chegou à comunidade o rio grandense Severino Tavares. O progresso do Caldeirão assustou a elite. Como o sítio, após a morte do padre Cícero, ficou em herança para os padres salesianos, as classes dominantes passaram a difamar a comunidade de Lourenço. Em setembro de 1936 os moradores foram expulsos dali pela polícia. Lourenço e sua gente instalaram-se depois na serra do Araripe e reorganizaram a comunidade. Partes dos sertanejos, liderados por Severino Tavares, queriam vingança e fazendo uma emboscada, mataram alguns policiais. Enviou-se, então, grande contingente poli­cial para a serra do Arari­pe, massacrando os campone­ses em novembro de 1937; mais de mil pereceram. Severino Tavares escapou, sendo morto na Bahia em 1938. "Zé Lourenço" faleceria em 1946,no estado de Pernambuco

  • Entre 1945 e 1947, foi o Ceará admi­nistrado por interventores, A campanha sucessória de 1947 foi tumul­tuada, com choques entre os comunistas (agora proprietários do jornal O Democrata) e a Igreja sob o comando de dom Antônio de Almeida Lustosa. Assim, enquanto o candidato do PSD, Onofre Muniz combatia os comunistas, o candi­dato da UDN vencia. Faustino Albuquerque governou de 1947 a 1951. Seu quadriênio foi marcado por persegui­ções aos adversários e crises, como quando do rompimento com o PSP de Olavo Oliveira, da eleição de Menezes Pimentel para a vice-governa­doria, das acusações de corrupção na secretaria da educação e do caso da "chiquita bacana". Para as eleições de 1950, articulou-se um consenso entre as oligarquias com o Movimento de União pelo Ceará (MUC= UDN +PSD), sem sucesso. Raul Barbosa governou entre 1951 e 1954. Realizou uma tímida administração. Em 1954 o udenista Paulo Sarasate foi eleito governador do Estado. Entre 1955 e 1958 governou Paulo Sarasate, com grandes atritos entre a situação e os oposicio­nistas. Parsifal Barroso (1959-63) rompendo com o PTB de Carlos Jereissati, criou a secretaria de agricultura, Indústria e Comércio, fundou o Partido Traba­lhista Nacional (PTN) e apoiou a União Pelo Ceará, coligação envolvendo UDN e PSD em torno da candidatura governamental de Virgílio Távora. Este foi o vitorioso nas eleições de 1962-64, pela primeira e única vez na república populista um governador cearense elegia seu sucessor.

Ceará na república-velha

  • A oligarquia de Accioly: dominou monoliticamente o Ceará entre 1896 e 1912. Para tal, foi básico: a adesão à política dos governadores, o apoio dos coronéis, a aliança com grupos econômicos, o nepotismo e a repressão aos oposicionistas. No primeiro mandato de .Accioly (1896-1900), desta­caram-se a corrupção em larga escala e o "caso da vacina" envolvendo Ro­dolfo Teófilo. O governo de Pedra Borges (1900-1904) foi uma continuidade da oligarquia Acciolina. Nessa etapa se destacaram a construção de academia livre de direito do Ceará, a greve dos catraeiros de Fortaleza e a impunidade dos crimes sertanejos. Accioly foi reeleito para dois mandatos em 1904 e 1908 respectivamente. Isso intensificou as ações das oposições, formadas por oligarquias dissidentes, por burgueses, pela classe média, por populares e até por coronéis, Nas eleições estaduais de 1912, as oposições lançaram, dentro da política das salvações, a candidatura de Franco Rabelo para o governo, enquanto Accioly.apon­tava como seu candidato Domingos Carneiro Vas­concelos. A campanha sucessória de 1912 foi bastante agitada tendo como auge a repres­são acciolina à passea­ta das crianças. Em conseqüência, as oposições, armadas, depuseram Accioly do poder. A revolta popular de 1912 e a eleição de Franco Rabelo para o governo encerram a oligarquia acciolina. Rabelo, todavia, seria deposto em 1914 na Sedição de Juazeiro (golpe arquitetado por Padre Cícero e Floro Bartolomeu par derrubar Franco Rabelo).
  • Padre Cícero: Prati­cante do catolicismo popular nordestino entrou em atrito com a política de romanização promovida pela alta cúpula eclesiástica. Chegou a Juazeiro no ano de 1872 Em 1889, Cícero tornou-se celebridade com a ocorrência do "milagre" de Juazeiro. A Igreja nega a veracidade deste. A questão religiosa do Juazeiro foi na verdade o retrato da luta entre a romanização e o catolicismo popular. Cícero acabou afastado da Igreja. Ao contrário de Antônio Conselheiro de Canudos, padre Cícero aliou-se aos políticos do Cariri e até à oligarquia Acciolina tornando-se um poderoso coronel de batinas e fazendo prosperar ] Juazeiro. Muito contribuiu para a atuação política de padre Cícero o médico Floro Bartolomeu da Costa, um dos principais articuladores do pacto dos coronéis e da Sedição de Juazeiro. A morte de Floro Bartolomeu e a "Revolução" de 30 marcaram a decadência de Cícero. Nos últimos anos de vida, remou, inutilmente, recuperar os plenos poderes do sacerdócio. Faleceu em 1934.
  • Ceará de 1914 a 1930: não houve domínio de nenhum grupo oligárquico. Os governadores eram indicados pelo presidente da República. Os principais partidos em os Republicano Democrata (ou Rabelistas ) e Republicano Conservador (das tradicionais oligarquias agrerias). Os governadores foram: interventoria de Setembrino de Carvalho(1914), Benjamin Liberato Barroso (1914-16), Engenheiro João Tomé (1916-20), Justiniano de Serpa (1920-13; enfermo renunciou), Ildefonso Albano (1923-24), Desembargador Moreira (1924-28; enfermo renunciou), Eduardo Girão (1928) e Carlos de Matos Peixoto (1928-30)
  • Movimento operário cearense na República Velha – fatores que dificultaram a organização do movimento operário: inexperiência do operariado local, bem como seu pequeno numero, o grande exercito de reserva, o fato de muitos trabalharem por conta própria, a repressão das elites e as lideranças conservadoras da maçonaria e da Igreja (Círculos Operários Católicos, baseados na Encíclica Rerum Novarum). A difusão ideologias de esquerda a partir do BOC (Bloco Operário Camponês, para driblar a lei celerada de que colocava o PCB na ilegalidade (principalmente a partir de 1927) leva a maçonaria e a Igreja a se unirem e criarem a Federação Operária Cearense em 1925 (embrião da Futura LCT).

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Ceará do processo de independência ao período regencial

  • Processo de independência: o poder local foi entregue a uma junta governativa chefiada por Porbém Barbosa (ligado a Portugal e contra as pretensões emancipacionistas brasileiras). Com a convocação a constituinte brasileira, essa primeira junta governativa demorou para escolher os representantes cearenses → eclodiu no Crato um movimento para depor o governo de Porbém Barbosa → Os rebeldes derrotaram-no e elegeram uma outra junta governativa, favorável a independência, sob as ordens de Pereira Filgueiras → Formaram-se, pois, dois governos na província; mas Porbém Barbosa acabou renunciando, passando o poder para Filgueiras em Janeiro de 1823 → Pouco tempo depois, elegeu-se uma terceira junta governativa, entregue ao Padre Francisco Pinheiro Landim (Foi na administração deste que se elevou a capital cearense à condição de cidade em 11-03-1823, com nome de Fortaleza de Nova Bragança)
  • A Rebelião de Fidié: Após o “7 de setembro de 1822”, algumas províncias, domi­nadas por portugueses, recusaram-se aceitar a independência do Brasil. No Piauí, isso ficou a cargo do major João José da Cunha Fidié.Perante a ameaça de Fidié, também de invadir o Ceará, o governo local resolveu enviar tropas comandadas por Pereira Filgueiras e Tristão Gonçalves. Sucederam-se, então, confrontos entre os cearenses e os portugueses, até a derrota destes últimos em Caxias do Maranhão em agosto de 1823.
  • Confederação do Equador de 1824: o Ceará aderiu devido a influencia de Pernambuco e aos interesses dos liberais locais (contra a centralização do poder). Em 1824 os liberais (liderados por Pereira Filgueiras e Tristão Gonçalves) depuseram o governador absolutista Costa Barros → nomearam Tristão Gonçalves presidente da provincia e a anexação do Ceará a Confederação → o Ceará foi a última província a se render. A comissão militar ou “comissão de sangue” condenou grande parte dos revoltosos a morte (com exceção de Jose Martiniano de Alencar)
  • Sedição de Pinto Madeira: Os liberais cearenses receberam com alegria a abdicação de D. Pedro I e passaram a perseguir os partidários deste. O mais visado foi o coronel de milícias Pinto Meira, de Jardim. .A Sedição de Pinto Madeira foi uma guerra ocorrida nos anos de 1831 e 1832, na qual cofrontaram-se coronéis do Crato, de tendência liberal, e de Jardim, absolutista, buscando o domínio político do Cariri e o retorno ao trono de D. Pedro I. Em outubro de 1832, Pinto Madeira rendeu-se. Após vários adiamentos, foi julgado e culpado, sendo condenado a pena de morte.
  • Período Regencial – partidos: liberal era liderado pelo Senador Alencar, reunindo os maiores latifundiários da província. O partido conservador reunia os comerciantes, militares e alguns fazendeiros. Os liberais comandaram a província até 1837. o maio destaque foi entre 1834 e 1837 governou José Martiniano de Alencar, o senador Alencar, figura polêmica conhecida como autoritário e bom administrador. (Entre suas realizações, construiu estradas, financiou a agricultura e instalou o Banco Provincial do Ceará. Contudo, promoveu intensa perseguição aos adversários políticos.) De 1937 a 1940 os conservadores coman­daram o Ceará. Com o golpe da maioridade, os liberais retomaram o controle do Ceará.

Desafio do Estado é vencer o tráfico - violência no Rio de Janeiro

Quinze dias após ter sido escolhido como sede dos Jogos Olímpicos de 2016, o Rio de Janeiro voltou a ser notícia na imprensa internacional. Desta vez, por conta de um velho problema: a violência urbana. No dia 17 de outubro de 2009, traficantes atiraram contra um helicóptero da polícia. O piloto tentou fazer um pouso forçado, mas a aeronave explodiu, matando três policiais. O atentado aconteceu durante uma tentativa de invasão ao morro dos Macacos, Zona Norte, por criminosos do Comando Vermelho, que dominam o tráfico no morro vizinho. Além dos policiais, três trabalhadores e mais 19 bandidos morreram, totalizando 25 mortes em quatro dias. Os criminosos também queimaram oito ônibus, para desviar a atenção da polícia. Apesar de grave, o episódio não é novidade no cotidiano carioca. Em 16 de novembro de 1984, outro helicóptero da polícia foi derrubado em uma operação no morro do Juramento. Confrontos entre traficantes e policiais também são frequentes desde que as autoridades resolveram retomar territórios controlados pelo tráfico. O que chamou a atenção foi o fato ocorrer logo após a cidade ter ganhado a disputa para sediar os Jogos Olímpicos. Isso levou a imprensa estrangeira a questionar a capacidade do governo carioca em oferecer segurança aos atletas durante o evento. Os Jogos Olímpicos podem até forçar o Estado a resolver, em sete anos, um problema que já dura 25. Mas a questão mais importante hoje é como o governo pode oferecer segurança para a população, acuada nos conflitos armados entre policiais e bandidos. Com o recrudescimento da situação, neste mês de outubro, a Comissão Parlamentar de Inquérito da Violência Urbana da Câmara Federal ouviu Cláudio Chaves Beato Filho, coordenador-geral do Centro de Estudos de Criminalidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro e o deputado federal Fernando Gabeira.
Tráfico de drogas O Rio de Janeiro é a segunda maior cidade do país, com 6,2 milhões de habitantes. A metrópole, que foi capital do Brasil de 1763 até 1960, é também o principal destino de turistas estrangeiros. Por isso, funciona como uma espécie de "vitrine" do país para o mundo. A violência urbana no município é associada ao tráfico de drogas. De acordo com dados de 2008 do Ministério da Justiça, o Rio de Janeiro é o quinto estado brasileiro com maior taxa de homicídios, com 33 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes, ficando atrás de Alagoas (66,2), Espírito Santo (56,7), Pernambuco (48,5) e Pará (39,8). Por outro lado, possui, de longe, a polícia que mais mata. Em 2008, foram 1.137 mortos em confrontos com a polícia, taxa sete vezes maior que qualquer outra região do país. Os gastos totais em segurança somam 12% do orçamento do Estado, quase o dobro de São Paulo (7,4%) e pouco menor que o de Minas Gerais (12,5%). Mas o tráfico, por si só, não justifica o alto índice de criminalidade. Praticamente todas as grandes metrópoles do mundo possuem comércio ilegal de drogas. Estima-se que o mercado consumidor de cocaína em Nova York, por exemplo, seja duas vezes maior que o Rio. A diferença é que nem a cidade americana nem outras europeias testemunham quase que diariamente cenas de guerra nas ruas, como acontece no Rio. Como explicar isso? A resposta é que, no Rio, facções armadas travam lutas pelo controle de territórios, favorecidas por uma rede de corrupção e pelo descaso histórico do poder público em relação às favelas nos morros cariocas. Para que a situação chegasse a esse ponto, cinco fatores foram decisivos: o aumento da oferta e demanda no mercado da cocaína, o surgimento das facções criminosas durante o regime militar (1964-1985), o crescimento das favelas, a corrupção de setores públicos e privados e medidas repressivas e eleitoreiras sem efeito prático.
Comando Vermelho
Até meados dos anos 1970, o tráfico de drogas no Rio se restringia à venda de maconha, plantada no Nordeste do país, para presos, favelados e boêmios, num esquema amador. Entre o final dos anos 1970 e começo dos 1980, a cocaína colombiana chegou ao país a preços acessíveis, proporcionando lucros rápidos e altos para as quadrilhas. Era o início da era do tráfico de drogas internacional, que tornaria a América Latina o principal produtor e exportador de cocaína no mundo. Para organizar o tráfico e controlar os pontos de vendas no varejo, facções criminosas surgidas nos presídios passaram a disputar os territórios nos morros, objetivando ampliar o mercado e obter ganhos maiores. Quanto mais próximo o morro está de bairros de classe média, ou seja, do consumidor, mais valorizado é o ponto. E, como o negócio é ilegal, os métodos violentos dos traficantes cariocas foram adotados tanto para cobrar devedores e intimidar moradores, quanto para proteger as "bocas" de concorrentes. A primeira facção surgiu durante a ditadura militar. Com o aumento de assaltos a bancos e sequestros para financiar guerrilhas de esquerda, o governo decretou, em 1969, a Lei de Segurança Nacional. Com isso, alguns presos políticos foram levados para o Presídio de Ilha Grande, desativado em 1994, onde dividiam as celas com presos comuns. Com o tempo, os detentos passaram a incorporar as táticas dos prisioneiros políticos para dominar a população carcerária. Foi desse modo que, nos anos 1970, nasceu a Falange Vermelha, mais tarde chamada de Comando Vermelho. Fora dos presídios, os bandidos começaram a planejar assaltos e sequestros para financiar a libertação de líderes presos e garantir regalias dentro das penitenciárias. Com a chegada da cocaína, passaram também a coordenar o tráfico de drogas, mais rentável e, de certo modo, mais seguro, se comparado a outras modalidades de crimes. A partir de 1986, disputas internas no Comando Vermelho levaram à criação de facções rivais, como o Terceiro Comando e o Amigos dos Amigos, o que gerou mais violência. Os traficantes começaram a se equipar com armamento cada vez mais pesado, de uso exclusivo das Forças Armadas, e a cooptar "soldados" e "vapores" (vendedores de drogas) cada vez mais jovens entre as comunidades.
Os donos do morro
Nesse sentido, as favelas dos morros cariocas desempenharam uma função estratégica para os traficantes. Elas cresceram durante os anos 1960, quando o Rio viveu um processo de rápida urbanização e migração, sem que houvesse um planejamento econômico para atender a população. Na ausência do Estado, os donos do morro - como são conhecidos os traficantes responsáveis pela distribuição de drogas no varejo - se tornaram as figuras mais importantes dentro das favelas. Em troca do silêncio dos moradores, os traficantes mantém a ordem e praticam o assistencialismo, distribuindo produtos como remédios e cestas básicas, além de promoverem festas e bailes funks. A carência ainda forneceu às quadrilhas mão de obra barata para o negócio ilegal. Para milhares de jovens, sem oportunidades de estudo ou emprego, o tráfico se tornou a única via de acesso a bens de consumo e até mesmo de sustento para suas famílias. Outros fatores, como o glamour do banditismo e o vício em drogas, também acabaram envolvendo jovens de classe média e alta no crime organizado. Outra vantagem importante que os morros oferecem aos traficantes é a topologia. Do alto das favelas, os bandidos conseguem monitorar a entrada de viaturas policiais e se prevenir. A ocupação irregular das favelas (são cerca de 800), com ruas estreitas, becos, esconderijos e dezenas de entradas e saídas, também dificulta o trabalho da polícia.
Corrupção
Os maiores líderes da facção, porém, estão em presídios de segurança máxima, de onde ainda controlam o tráfico e outras atividades criminosas, por meio de aparelhos celulares e visitas de parentes e advogados. Por esta razão, outro componente importante na engrenagem do tráfico é a corrupção de órgãos do governo e instituições privadas. O dinheiro do tráfico financia desde a proteção de policiais e conivência de agentes penitenciários até a compra de sentenças de juízes. Apesar de os donos do morro ficarem famosos na imprensa, como no caso do traficante Márcio Amaro de Oliveira, o Marcinho VP, quem alimenta o tráfico carioca são os atacadistas. Eles possuem contatos e influência junto a governos, empresas e instituições bancárias, para conseguirem lavar o dinheiro resultante do comércio ilícito de drogas. São os atacadistas que fazem o tráfico internacional, tanto de drogas quanto de armas, e poucos são os traficantes que conseguem atingir essa posição. Estima-se que somente 20% da cocaína que chega ao Rio abasteça o mercado interno; a maior parte tem como destino a Europa.
Como resolver
Nos últimos anos, com a violência cada vez mais próxima da classe média e a consequente mobilização de setores da sociedade civil, os governos tiveram que mudar de estratégia. Chegou-se à conclusão de que era preciso retomar a presença do Estado nos morros, por intermédio da polícia comunitária, e do combate à exclusão, com programas sociais. Porém, a solução para a criminalidade no Rio de Janeiro, que, conforme visto, possui raízes históricas e atravessa sucessivas administrações, não é fácil ou rápida. Por outro lado, também não existe nenhuma fórmula mágica que precise ser descoberta. Segundo especialistas, a solução envolve duas frentes contínuas de ação: uma policial e outra social. Na policial, o foco na repressão e reação aos ataques tem efeitos colaterais indesejáveis, com a morte de policiais e pessoas inocentes em tiroteios com traficantes. Para evitar isso, seriam necessários investimentos em inteligência e operações preventivas. Mais importante que a polícia concentrar esforços no combate ao varejo é a investigação dos atacadistas. De nada adianta a polícia prender os chefes do tráfico, pois eles são substituídos por outros ou continuam liderando os grupos de dentro dos presídios. Sendo assim, seria mais eficiente sufocar as rotas de comércio ilegal de armas e drogas, impedindo que os produtos cheguem aos morros. Para se chegar a esses atacadistas, serão necessários mecanismos mais rigorosos de controle da corrupção, que passam pela investigação de redes de lavagem de dinheiro e a punição de empresários, políticos, funcionários públicos e juízes envolvidos com o tráfico, conforme apontado pela CPI do Narcotráfico. Do ponto de vista social, o governo precisa oferecer alternativas de renda viáveis e concretas para os jovens que moram nas favelas. Com oportunidades de emprego, boa parte deles deixaria de ser mão de obra para as quadrilhas nas favelas. Espera-se que, pelo menos com a visibilidade que o Rio ganhará com a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, um passo seja dado nessa direção.

Comparação entre China e India

  • A CHINA NO COMÉRCIO INTERNACIONAL: Conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), em 2003, a China consumiu 50% do cimento, 70% das máquinas têxteis, 31% do carvão e 21% do aço produzidos no mundo. Os chineses fabricaram 19% dos aparelhos celulares, 30% dos equipamentos de ar condicionado e 35% dos brinquedos vendidos no mundo Ano passado, a China importou US$ 413 bilhões em produtos de todo mundo. A população da China é de aproximadamente 1,3 bilhão, o que representa significativo mercado consumidor. A China atraiu uma média de US$ 40 bilhões em investimentos estrangeiros diretos por ano, na última década. as diferenças entre China e Índia
  • Comércio Exterior Na estrutura de comércio exterior, a China tem grande interação com seus parceiros regionais Entre os quatro maiores compradores de produtos, depois dos EUA (21%), os demais são Hong Kong (17%), Japão (12,4%) e Coréia do Sul (4,7%). Já a Índia tem entre os maiores compradores os EUA (19,8%), China (8,3%), Emirados Árabes Unidos (8%) e Reino Unido (5,1%). Os maiores vendedores para a China são Japão, Taiwan e Coréia do Sul.
  • Excesso de poupança O excesso de poupança é um problema para a China, responsável pelo superaquecimento de alguns setores da economia. Em 2005 a China recebeu US$ 72,4 bi em investimentos estrangeiro, quase onze vezes mais do que a Índia. Na Índia, o déficit público tem consumido grande parte do capital acumulado. A Agência de Inteligência Central dos EUA estima a dívida pública indiano em 52,8% do PIB; na China, é de 22,1%.
  • Sistema educacional Apesar dos investimentos, os sistemas educacionais são precários em ambos os países. Embora na Índia, seja de 24% a taxa de analfabetismo de jovens entre 15 e 24 anos, contra apenas 1% na China. As universidades são acessíveis apenas às classes mais privilegiadas. Mas os dois países conseguem reter cérebros nas indústrias intensivas em tecnologia e no intercâmbio empresarial, e investimento em institutos de pesquisa.
  • Disparidades sociais As disparidades regionais demonstram a pouca preocupação dos dois países com a distribuição de renda. E em ambos há uma crescente reação da população contra a ineficiência do serviço público e contra atos de corrupção dos governantes. Na Índia é menos claro devido ao sistema de castas. Na China é mais presente, devido à rápida urbanização. Na China não há tradição democrática. Na Índia, há, apesar do sistema de castas.

UM ANO DE CRISE ECONÔMICA

Depois de um ano, a crise econômica internacional dá sinais de que está chegando ao fim. Países começam a se recuperar do período de recessão e o G-20, grupo dos países ricos e emergentes, discute agora estratégias para sair da crise e controlar o mercado financeiro, de modo a evitar novos colapsos no sistema. Para recuperar a economia, os Estados Unidos e a Europa investiram em pacotes de estímulo, que incluíram a injeção de dinheiro em bancos, na indústria e políticas de reajuste fiscal. No entendimento do G-20, ainda é cedo para suspender esse apoio dos Estados. O lado ruim é que os governos vão ficando cada vez mais endividados, o que pode causar, no futuro, uma nova depressão. No Brasil, a recessão durou dois trimestres, contra o dobro em nações mais ricas, como Estados Unidos, França e Alemanha. A estabilidade econômica do país contribuiu para amenizar os impactos da crise. Países emergentes, como China e Brasil, não somente se recuperaram mais cedo como têm hoje um mercado promissor para investimentos estrangeiros. No mundo pós-crise, eles assumem uma posição de destaque no cenário da geopolítica mundial.

CEARÁ COLÔNIA – INÍCIO DA OCUPAÇÃO

  • Introdução: · Até o século XVII estávamos abandonados: correntes marítimas e aéreas, os índios bravios e presença de estrangeiros, clima árido, não apresentava atrativos econômicos (metais preciosos ou especiarias). · Objetivos do inicio da ocupação: proteger a região das invasões estrangeiras (franceses) e servir de ponto de apoio para a ocupação da região Norte.
  • As Tentativas oficiais. · 1ª Tentativa oficial, 1603, Pero Coelho de Sousa: teve o direito de explorar a região. Fundou os fortes: São Tiago (Rio Ceara, foi destruído pelos índios) → São Lourenço (Rio Jaguaribe, não resistiu as secas de 1605 a 1607 e aos ataques indígenas). · 2ª Tentativa oficial, 1607/08, Francisco Pinto e Luis Figueiras: jesuítas que vi9ham catequizar os índios. Foram atacados pela tribo dos tacarijus, só Luis Figueiras conseguiu fugir. · 3ª Tentativa oficial, Martim Soares Moreno, 1611 a 1631: considerado pela historiografia tradicional como o grande fundador do Ceará. Fundou Forte São Sebastião, era hábil com o índio, procurou desenvolver a pecuária e a cana-de-açúcar.
  • A presença holandesa no Ceará. · Objetivo servir de apoio a dominação de Pernambuco. · Conquistaram o Forte São Sebastião em 1937 → o forte foi destruído e os holandeses expulsos do Ceará pelos índios → em 1649, liderado por Matias Beck, retornam e fundam o Forte Shoonenborch → que em 1654 é tomado pelos portugueses → passa a se chamar: Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. ATENÇAO: DE 1621 A 1656 O CEARÁ ERA SUBORDINADO AO MARANHÃO → PASSANDO DAÍ AO DOMINIO PERNAMBUCANO ATÉ 1799. ECONOMIA CEARENSE NA COLÔNIA
  • A Pecuária: · Ganhou força e ocupou os sertões cearense a partir do ultimo quartel do século XVII. Contribuíram para o povoamento dos sertões: a crise econômica lusa, o aumento do número de reses no litoral e a própria Carta régia de 1701. A ocupação dos sertões ocorreu com 2 correntes de povoamento: Sertão de fora, dominada por pernambucanos, vindos pelo litoral, e Sertão de Dentro, dominada por Baianos. Na ocupação verificou-se o extermínio de índio, embora este reagisse. · Para expansão pecuarista, contribuíram fatores como as vastas extensões, as abundantes pastagens, o caráter salino do solo, a própria facilidade na aquisição das sesmarias, a exigência de pouco capital para o estabelecimento das fazendas, além do fato de que, o gado, na hora da comercialização, dispensava as despesas com transporte, pois consistia num produto que se autotransportava - daí a afirmação segundo a qual o boi era mercadoria, transporte e frete. · O símbolo maior da pecuária foi o vaqueiro; pouco se utilizou o negro no criatório que, ao mesmo tempo, facilitava o uso do índio "manso". A fazenda era a unidade econômico-social dos sertões, dominados pelos coronéis. · A vultosa quantidade pecuarista opunha-se a diminuta população da capitania; a solução para tal, de início, foi a venda do gado, vivo, nas feiras de Pernambuco, Bahia e Minas Gerais. Nesses caminhos, o gado chegava abatido e sem valor, o que motivou o início da comercialização do gado abatido.
  • As Charqueadas ( metade do século XVIII) · Para o desenvolvimento do charque contri­buíram os ventos constantes, a baixa umidade relativa do ar, a existência do sal, o grande rebanho da capitania e a necessidade de poucos recursos para instalação das oficinas de charque. · As charqueadas possibilitaram uma divisão do trabalho e uma interpenetração comercial entre o sertão e o litoral; o surgimento de um mercado interno; o desenvolvimento de núcleos urbanos e uma diversificação da produção local, com o couro, sobretudo. · O couro por ser bastante usado pelos campo­neses, fez surgir uma "civilização do couro". · Do principal produtor de charque, Aracati, as oficinas propagaram-se para Acaraú, Sobral, Camocim e Granja. Dali a carne era levada para Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro, onde serviria de alimento para pobres e escravos. · No final do século XVIII, devido às secas (1777-78 e 1790 a 1793), à concorrência gaúcha e ao desenvolvimento da cotonicultura, o charque entrou em decadência.
  • O Algodão · O algodão, já conhecido dos índios, de início possuía pequeno cultivo, mas, com a demanda externa (provocada pela revolução industrial e pela guerra de independência dos EUA – 1774-83) houve uma grande expansão. · A cotonicultura foi praticada não só em latifúndios, mas também em médias e pequenas propriedades, possibilitando o binômio gado­-algodão. Pouco empregou a mão-de-obra negra. · Fortaleza tornou-se o maior centro coletor da produção algodoeira interiorana, fato que contribuiu para consolidá-Ia como principal núcleo urbano do Ceará na segunda metade do século XIX. · O auge do algodão cearense aconteceu durante a guerra da secessão norte-americana (1861-64). Também desenvolveram-se no Ceará colonial as lavouras de subsistência, a exploração Ceará subordinado a Pernambuco (1656 – 1799) · o objetivo da metrópole era dinamizar a cobrança de impostos e submeter os senhores de terras ao mando da coroa. · Esse período era prejudicial a economia cearense, pois as mercadoria tinham que passar por Recife antes de ir para Lisboa. · Os governadores cearenses mais destacados após esse período até A INDEPENDENCIA foram: Barba Alado (1808-12, que governo o Ceará no momento da Abertura dos Portos) e Governador Sampaio (1812-20, que enfrentou a Insurreição Pernambucana de 1817 no Ceará, e trouxe Silva Paulet que elaborou a primeira planta urbanística de Fortaleza, criou os correios)

Ceará do segundo reinado à proclamação da república

  • Política do Ceará no Segundo Reinado: ao longo do segundo reinado, permaneceu o Ceará dominado pelas oligarquias rurais, organizadas nos partidos liberal e conservador. O partido liberal foi chefiado pelo Senador Alencar até 1860, e deste ano a 1877 pelo Senador Pompeu. Depois, dividiu-se em duas alas, liberais pompeus (Sob o comando de Nogueira Accioly) e liberais paulas (liderados por Vicente de Paula Rodrigues e, em seguida, por Antônio Rodrigues Júnior). Os conservadores eram a princípio liderados pela facção "boticário-carcará" (de Antônio Rodrigues Júnior e Miguel Fernandes Vieira), mais em 1862 dividiram-se em duas alas: conservadores graúdos (sob o comando de Domingo Nogueira Jaguaribe e Joaquim da Cunha Freire) e conservadores miúdos (liderados por Gonçalo Batista Vieira). Praticamente não houve conciliação no Ceará. Imperava o uso da máquina Pública nas eleições e na política partidária. Os partidos se ideologia, não passam de instrumentos para elite manter-se no poder. Nesse período, foi o Ceará governado por 44 presidentes.
  • Ceará na Guerra do Paraguai: As elites se alistavam voluntariamente (indo compor a alta oficialidade, sem lutar no front de batalha), a classe media participava de sorteios “premiados” (só se livrava se subornasse o encarregado do serviço militar ou tivessem um “padrinho” forte”; e a população mais pobre que era recrutada a força (tendo que fugir para as serras de onde eram caçados). Destaques cearenses na Guerra do Paraguai: Antonio Tibucio Cavalcanti, Clarindo de Queiroz, General Sampaio e Jovita Feitosa (mulher que se disfarçou para ir a Guerra).
  • Ceará “terra da Luz”: O Ceará foi pioneiro na abolição da escravatura negra. Há evidências de negros no inicio da colonização. Existia para o Ceará um pequeno tráfico negreiro, indireto, vindo sobretudo de Recife e São Luiz. Os africanos do Ceará eram originários principalmente do Congo e Angola. Os cativos sempre lutaram contra a escravidão. São fatos que explicam o pionei­rismo da abolição na província: A resistência negra, o pouco peso do negro na economia, o tráfico interprovincial (motivado pela secas, pelo surto cafeeiro do centro-sul e pela lei Euzébio de Queiroz), a atuação de entidades abolicionistas e dos setores populares (entre estes destacaram-se Luís Napoleão e Francisco José do Nascimento ou "Dragão do Mar"). No campo jurídico, a 25 de março de 1884, promulgou-se Lei inviabilizando a escravidão no Ceará, embora existam registros de cativos em datas posteriores.
  • Economia do Ceará no Segundo Reinado: Algodão, as primeiras fábricas do estado (ligadas ao beneficiamento do algodão e ao setor têxtil, cigarros, calçados, sabão, chapéus, etc.), cera de carnaúba, borracha de maniçoba, café (nas serras).
  • A hegemonia político-econômica de Fortaleza, iniciada por volta das décadas de 1820-1830, firmou-se na segunda metade do século XIX, em conseqüência: * dos capitais acumulados com o comércio exportador de algodão e de outros produtos, como café, borracha, couro etc.; * da centralização política imposta pela Monarquia brasileira, em particular do segundo reinado (1840-1889), quando as diretrizes administrativas do Império concorreram para concentrar nas capitais das províncias todo o poder decisório; *da própria condição de capital de Fortaleza, o que transformava em ponto destacado na recepção de obras e recursos públicos; *da construção e melhoria de estradas e ferrovias (como a Estrada de Ferro Fortaleza- Baturité – instalada em 1873), que ligavam o interior à Capital, tornando Fortaleza o grande centro coletor e exportador da produção sertaneja. *da intensa migração rural-urbana; Fortaleza torna-se núcleo de atração preferido pelo excedente populacional dos campos, bem como pelas vítimas das secas.
  • Modernização de Fortaleza no século XIX: bondes de tração animal, calçamentos, linhas de vapor (para a Europa e RJ) canalização da água, iluminação a gás carbônico (em substituição à de óleo de peixe), telegrafo, telefonia (1883), novo porto, biblioteca publica, etc. no entanto seu maior símbolo foi a nova planta urbanística de Fortaleza de Adolfo Herbster (não se esqueça a anteriot foi a de Silva Paulet com o governador Sampaio 1812-20); nessa época se queria civilizar a população pobre que reagia a esse processo com uma conduta “amolecada” ESSE PERIODO É CONHECIDO COMO A BELLE EPOQUE CEARENSE. Esse período foi interromoido pela seca de 1877-79 ( 10-12-1878 – “Dia dos mil mortos”: 1004 mortos)

terça-feira, 6 de outubro de 2009

PRÉ-SAL

A Petrobrás iniciou no último dia 1º de maio, Dia do Trabalho, a exploração de petróleo no campo de Tupi, na Bacia de Santos, que abriga as maiores jazidas na camada pré-sal. O empreendimento vai colocar o Brasil entre os dez maiores produtores mundiais e o tornará uma das grandes potências energéticas, comparável ao Oriente Médio. A descoberta, anunciada em 2007, é vista pelo governo como a salvação para os problemas econômicos do país. Porém, as dificuldades para extração do minério - situado a uma profundidade que a companhia jamais atingiu - e a falta de estratégias mais bem definidas para a exploração, representam barreiras a serem superadas para que o sonho se torne realidade. É como se tivéssemos nas mãos um bilhete premiado de loteria. Se não soubermos como administrar a riqueza, ele se evapora de nossas mãos.
Riquezas
Pouco se sabe ainda sobre as reservas localizadas em águas ultraprofundas do litoral brasileiro. Por isso, a companhia começou fazendo o chamado TLD (Teste de Longa Duração). Ele consiste no levantamento de informações para definir a quantidade de petróleo existente e qual o melhor modelo de exploração. Esta etapa levará 1 ano e 3 meses para ser concluída.Ao todo, os campos de pré-sal possuem 800 km de extensão e 200 km de largura, indo desde o litoral de Santa Catarina até o Espírito Santo. Segundo a Petrobrás, Tupi, que possui a maior reserva, deve ter entre 5 e 8 bilhões de barris de petróleo. O volume corresponde a quase metade das reservas brasileiras, de14 bilhões de barris. A plataforma na Bacia de Santos tem capacidade de produzir 14 mil barris de petróleo por dia e, no próximo ano, atingir 100 mil barris/dia, de acordo com a empresa. Para 2017, estima-se que o número chegue a 1 milhão, que é quando finalmente dará o retorno financeiro. A empresa anunciou investimentos de US$ 28,9 bilhões (R$ 62 bi) até 2013.
Tecnologia
Mas para chegar até as jazidas não será nada fácil. Será preciso descer a uma profundidade de 2 km, perfurar 1 km de rocha e mais 2 km de espessura de sal e 2 km de solo, totalizando 7 km desde a superfície. E, além disso, serão necessários dutos para transportar o petróleo, localizado a uma distância de 340 km da costa litorânea. Para se ter uma ideia, a distância é três vezes maior que a que separa as plataformas da Bacia de Campos do litoral carioca. O país possui tecnologia, o problema são os custos elevados. O desafio é conseguir refinar o produto e, ao mesmo tempo, garantir um valor competitivo com o mercado. Este custo de exploração envolve não somente a tecnologia de extração como também a logística para o transporte. Se o processo todo ficar muito caro, o produto também ficará caro e ninguém vai querer comprar O risco em jogo é saber exatamente se o volume de petróleo existente na camada pré-sal vai compensar o investimento, e quanto vai custar o barril do petróleo daqui a 10 anos, quando serão colhidos os frutos. O valor do barril varia conforme a demanda e a oferta, mas fatores como a crise econômica mundial e os conflitos no Oriente Médio também influenciam no preço. Hoje, ele é negociado a US$ 53 (R$ 113). Para a empresa, o ideal será chegar a US$ 40 (R$ 85).
Investimento
Atualmente, o Brasil exporta petróleo do tipo pesado, que tem valor mais baixo no mercado, e importa o tipo leve, mais caro. Isso provoca um déficit nas receitas: em 2008, o país exportou 158,1 milhões de barris (ganho de US$ 13,6 bilhões [R$ 29,2 bi]) e importou 147,9 milhões de barris (gasto de US$ 16,3 bilhões [R$ 35 bi]), de acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo). As reservas da camada pré-sal são, principalmente, de hidrocarbonetos leves (óleo e gás), o que vai reduzir as importações do produto e aumentar os ganhos com a exportação. É por isso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, no último dia 4 de maio, que o Brasil vai conquistar sua "segunda independência": a primeira, de 1822, foi política, enquanto essa será econômica.
Política
Além das questões financeiras envolvidas, existe uma decisão a ser adotada com urgência, que diz respeito à definição de um novo marco regulatório. Ele é importante porque vai dizer como investir e administrar o "prêmio" da loteria da natureza. A nova regulamentação vai dizer quem vai poder explorar os campos, quais serão os ganhos dos governos (Federal e Estadual) e para que áreas os recursos serão destinados (educação, por exemplo). Enfim, como será a partilha do bolo. A decisão é fundamental porque um planejamento mal feito pode transformar o sonho num pesadelo. Um exemplo é o que os economistas chamam de "doença holandesa", que é quando a exploração de riquezas naturais afeta outros setores da indústria. O conceito surgiu nos anos de 1970. Na época, a descoberta de uma fonte de gás natural na Holanda aumentou as receitas com exportação e valorizou a moeda nacional. Com isso, outros produtos perderam competitividade no mercado internacional e as indústrias quebraram. Nações ricas em petróleo, como países da África e Oriente Médio, tem um histórico de mazelas sociais, guerras e instabilidade política. O bilhete de loteria também pode se tornar uma maldição. Por isso, tão importante quanto extrair da riqueza é saber o que fazer com ela para manter o crescimento a longo prazo.

Resumo Energia

INTRODUÇÃO
DEFINIÇÃO Toda energia provém do Sol e é armazenada na natureza. Nosso corpo sobrevive por extrair a energia dos ali­mentos. Da mesma forma, a sociedade não funciona sem fontes de energia. FORMAS DE ENERGIA Energias limpas são as que poluem menos e fazem menos mal ao clima e à saúde humana. Energias renováveis são as de fontes naturais, como o sol e os ventos, e que a natureza repõe, como a água e a lenha. Energias sustentáveis são aquelas que garantem sua reposição no decorrer do tempo. MATRIZ ENERGÉTICA É o conjunto dos recursos de energia de uma sociedade, de uma região ou do mundo, incluindo as formas como eles são usados. Ela abrange as fontes de energia primárias (petróleo, água, carvão mineral, lenha, cana-de-açúcar e seu bagaço etc.), secundárias (gasolina, querosene, óleo diesel, álcool etc.), as tecnologias de geração (mecânica, térmica, nuclear, eólica etc.) e as formas e setores de consumo: eletricidade, combustíveis para transporte, indústria, comércio e residências.
PETRÓLEO MUNDO
DESEQUILÍBRIO Mantido o ritmo eco­nômico atual, o consumo mundial de energia poderá crescer 50% até 2030, com destaque para o de Índia e China. Há o risco de um desequilíbrio entre a ofer­ta e a procura e até desabastecimento, principalmente de petróleo. FIM DA ERA DO PETRÓLEO O aumento do consumo de petróleo no planeta, causado, sobretudo pela expansão da frota de automóveis e de caminhões, está acelerando a exaustão das reservas dessa fonte de energia não renovável. Já não se encontram jazidas capazes de compensar os poços de petróleo que estão secando. Assim, as reservas rema­nescentes se concentram cada vez mais em algumas poucas regiões do mundo - principalmente no Oriente Médio-, o que agrava a disputa geopolítica pelo controle desses recursos. O receio é que a produção, a médio prazo, não consiga acompanhar o aumento da demanda, que cresce 1,7% ao ano. A Agência Internacional de Energia (AlE) calcula que, para atender às necessi­dades energéticas do planeta, a pro­dução de petróleo terá de aumentar 50% até 2030. Mais escasso, o petróleo tende a ficar mais caro. O preço quintuplicou nos últimos nove anos, atingindo 100 dólares o barril em fe­vereiro de 2008. TENSÕES GEOPOLITÍCAS O risco de escassez do petróleo acirra as ten­sões políticas no mundo. Potências como os Estados Unidos e a China, que precisam importar grande quan­tidade do combustível para manter o funcionamento de sua economia, tentam garantir o controle sobre as reservas de outros países.
BRASIL
MATRIZ BRASILEIRA Até 1940, a queima de lenha fornecia 80% da energia. Os recursos priorizados depois foram o carvão mineral e a hidroeletricidade (a partir da década de 1940), o petróleo (anos 1950), grandes hidrelétricas e energia nuclear (1960), álcool (anos 1970 e 1980) e gás natural (anos 1990). SETOR ELÉTRICO O Brasil tem o maior potencial hídrico do mundo e o usa pa­ra produzir eletricidade, uma diretriz mantida nos últimos 50 anos. Na dé­cada de 1970 houve investimento ma­ciço na construção de grandes usinas hidrelétricas, como Itaipu, que entrou em operação na década seguinte. No período mais recente, porém, o consumo cresceu mais que a produção de energia. Há planos para a construção de novas represas para a obtenção de eletricidade, principalmente na Amazônia, mas esses projetos provocam resistência de seto­res preocupados com o impacto sobre o meio ambiente e sobre os moradores das áreas a ser alagadas. JAZIDAS BRASILEIRAS Em novembro de 2007, a Petrobras anunciou a des­coberta do campo de Tupi, em águas ultraprofundas, a 180 quilômetros de Santos, no litoral paulista. A jazida tem de 5 bilhões a 8 bilhões de barris - cerca de 60% de todas as reservas brasileiras atuais -, o que, a partir de 2013, poderá transformar o Brasil em exportador de petróleo. Em janeiro de 2008, na mesma região, é encon­trado o campo de gás de Júpiter, que pode tornar o país auto-suficiente em gás natural. CAMADA PRÉ·SAL É uma faixa que se estende ao longo de 800 quilômetros, abaixo do leito do mar, do litoral do Es­pírito Santo ao de Santa Cata ri na. O pe­tróleo encontrado nessa área está preso entre S e 7quilômetrosde profundidade no subsolo, abaixo de uma camada de sal impermeável. Vários campos e po­ços foram descobertos no pré-sal, como o de Tupi, que é o principal. Há outros, como os de Guará, Bem-Te-Vi, Carioca, lara e Júpiter, esse último com grande quantidade de gás. AUTO·SUFICIÊNCIA O Brasil atingiu em 2006 a auto-suficiência na produção de petróleo. Isso significa que o país já produz petróleo considerável para evitar o gasto de divisas com a impor­tação. A nação ainda importa petróleo do tipo necessário para uso em suas refinarias, mas exporta o excedente do que extrai para o refino em outros países. A auto-suficiência significa que essa conta está equilibrada ou supera­vitária para o Brasil. PETROLEO E BIOCOMBUSTÍVEIS o Bra­sil está posicionado para tornar-se uma potência mundial no setor energético. Quando as reservas de petróleo come­çam a entrar em decadência em várias regiões do globo, nosso país descobriu recentemente um enorme lençol de petró­leo subterrâneo, na camada pré-sal, que pode multiplicar nossas atuais reservas petrolíferas por 10. Ao mesmo tempo, é uma referência no desenvolvimento dos biocombustíveis, em alta no mercado mundial exatamente por ser uma alter­nativa menos poluente e renovável ao petróleo e seus derivados.
ALTERNATIVAS
ALTERNATIVAS É preciso ampliar o uso de energias renováveis, como a da água, a dos ventos e a solar. Nos transportes, po­dem-se usar álcool e biodiesel, que poluem menos do que o petróleo e são renováveis. No setor elétrico, é possível substituir as usinas térmicas pelas nucleares. BIOCOMBUSTÍVEIS É o combustível obtido de matérias-primas vegetais, como o álcool (etanol) da cana-de-açú­car e do milho, e o biodiesel, extraído de plantas oleaginosas como a soja, o dendê, o babaçu e o algodão. MONOCULTURA O etanol brasileiro ba­seia-se na cana-de-açúcar, produzida em regime de monocultura, ou seja, grandes propriedades com uma única lavoura. Esse modelo envolve vários problemas, incluindo a redução da biodiversidade e o uso de pouca mão de obra.

domingo, 27 de setembro de 2009

ECONOMIA NO SEGUNDO IMPÉRIO – INDUSTRIALIZAÇAO E URBANIZAÇAO


  • Introdução:
    · Fatores do atraso da industrialização brasileira: tratados de 180 com a Inglaterra ( que dava privilégios alfandegários aos produtos ingleses, tornando-os dominadores do mercado consumidor interno), governo pautado nos interesses da elites agroexportadoras ( não tomava medidas necessárias à industrialização nacional).

    · Fatores que favoreceram a industrialização – SURTO INDUSTRIAL: tarifa Alves Branco (1844, lei que aumentava os impostos alfandegários, seu objetivo era aumentar a arrecadação, mas logo se tornou protecionista), capitais oriundos do fim do trafico internacional de escravos (Lei Eusébio de Queiroz de 1850) e da cafeicultura.

    · Pioneirismo de Visconde de Mauá: grande empreendedor industrial brasileiro. Possuiu: estaleiros, companhias de rebocadores e de navegação, banco, estradas de ferro. Seu sucesso incomodou as empresas estrangeiras(acredita-se que tenha sido sabotado e perseguido). Não suportou a “concorrência” (principalmente por conta da Tarifa Silva Ferraz de 1860 que diminuiu as tarifas alfandegárias) da e faliu.

    · Boa parte dos lucros dos industriais brasileiros acabava investido em café.

    · E vale ressaltar que nesse período a indústria não representava nem a sombra da economia agrária no país.


  • O crescimento das cidades
    · Industrialização → atração populacional → crescimento urbano.
    · Surgem trabalhadores especializados → cada vez mais o trabalho escravo é menos tolerável.
    · As cidades vão se modernizando (para as elites): bondes, iluminação á gás, hotéis, tetros, jardins públicos, jornais.

ECONOMIA (AGRÁRIA) NO SEGUNDO REINADO

  • Introdução · No comércio continuava dominado pelos produtos ingleses (que tinham privilégios alfandegários no Brasil desde 1810 e foram confirmados em 1827). · A base da nossa economia permanecia agrária e baseada no tripé: monocultura, latifúndio e trabalho escravo.
  • Expansão do café · Origens: originário da Abissínia (Etiópia) e chegou a Europa através dos árabes (cruzadas, trocas comerciais). Na América, chegou primeiro ás Antilhas, espalhou-se pelo Caribe e atingiu a América do Sul. · Ao Brasil chegou através do Pare vindo da Guiana Francesa. Há discórdias se quem introduziu o produto no Brasil foi Francisco Melo Paleta ou Francisco Xavier. · Importante: a introdução da cafeicultura não substituiu a atividade açucareira. Pois ele só se tornou fundamental ao país quando caiu no gosto europeu e norte-americano. Somente a parti de 1831-40 superou as exportações do açúcar. · O café se desenvolveu principalmente no Vale do Paraíba – até 1870, baseado no tripé: monocultura, latifúndio e trabalho escravo (brecha camponesa: esse termo se refere ao costume que alguns senhores de engenho tinham em liberar alguns lotes de sua propriedade para que os escravos pudessem realizar a produção de gêneros agrícolas voltados para o próprio consumo e a venda no mercado interno. Tal medida seria benéfica aos escravos ao abrir oportunidade para a compra de outros produtos e a relativa melhora de sua condição de vida.) – e se consolidou no Oeste Paulista – dotados de uma mentalidade mais empresarial introduziram o trabalho “livre” imigrante, melhoraram as técnicas do cultivo e beneficiamento do café; diversificaram seus investimentos de capitais.
  • A implantação da lavoura cafeeira em comparação com a atividade açucareira · Diferenças: Necessitava de menos gastos para a sua implantação (esses gastos foram reduzidos ainda mais com a diminuição do trabalho escravo). Os capitais vieram do próprio mercado interno (lembrem-se os engenhos açucareiros foram financiados pelos holandeses): do comércio, da mineração em decadência, dos capitais liberados pelo fim do trafico internacional de escravos. O cafeicultor integrava todas a etapas do processo (produção, beneficiamento e comercialização) · Semelhanças: monocultura e produção para o mercado externo.
  • Transição do trabalho escravo para o assalariado · Deu-se devido as pressões internas (abolicionistas) e inglesas (Bill Aberdeen: autorizava a marinha inglesa prender ou afundar ‘tumbeiros” e julgar sua tripulação) em busca de expandir seu mercado consumidor (e segurar a mão-de-obra africana na África) o que culminou no Brasil com a Lei Eusébio de Queiroz (fim do tráfico internacional de escravos). · Isso gerou: diminuição da oferta de escravos (restou o tráfico interprovincial), aumento do preço do escravo e o tráfico internacional de escravos se tornou uma atividade arriscada. SAÍDA: IMIGRAÇÃO.
  • A emigração para o Brasil · “esclarecendo as coisas” na realidade se inicia com os portugueses (“colonizadores”), franceses (“invasores”) e africanos (escravos). · Inicio da imigração oficial: 1818 com 100 famílias suíças e 1824 com imigrantes alemães. · Sistema de parcerias: crida pelo senador Nicolau Vergueiro. Os custos da instalação dos colonos ficavam pó conta do proprietário da fazenda. Esse sistema mostrou-se tirano com o colono que nunca conseguia zerar suas dividas com a fazenda. Ademais gerou conflitos diplomáticos (A Prússia proibiu a emigração para o Brasil). · Sistema subvencionado: o governo arcava com as despesas do imigrante durante o seu primeiro ano no Brasil. E os colonos recebiam um salário fixo e variável conforme a produção. · Atenção esses processo visavam o branqueamento da população.

REVOLUÇÃO CUBANA


  • Antecedentes da Revolução Cubana:
    · Até 1898 era colônia espanhola → se tornou independente com a “ajuda” dos EUA → virou um protetorado dos EUA devido a Emenda Platt (que assegurava o direito de intervenção militar na Ilha de Cuba) → Cuba virou o “Cabaré das Antilhas (ou Americano)”.
    · Cuba era um país agrário, monocultor, com latifúndios sobre o controle de empresas americanas e de pequenas parcelas de elites locais.
    · O Último governo antes da revolução foi a Ditadura de Fulgêncio Batista.


  • Início da Revolução · 1953: fundação do Movimento Nacional Revolucionário (por Fidel Castro) → Tentativa de tomar o Quartel de Moncada → os lideres foram presos pela Ditadura de Fulgêncio Batista.
    Após voltarem do exílio em 1956 os líderes revolucionários (agora com a parceria do medico argentino Ernesto “Che” Guevara) se refugiam na Serra Leo → 01-01-1959, os “barbudos” ocupam Havana e Fulgêncio Batista foge de Cuba → .


  • Ações do governo revolucionário
    · Reatou com a URSS, confiscou latifúndios improdutivos, investiu em educação e saúde, nacionalizou empresas estrangeiras.
    · Criticas ao regime: falta de eleições livres no país.


  • Reação dos EUA
    · Ataque a “Bahia dos Porcos”, expulsão de Cuba da OEA, bloqueio aeronaval, Aliança para o Progresso; financiamento de Ditaduras na América Latina
DADO IMPORTANTE: 1962 - "QUESTAO DOS MISSEIS"

Chile e a Ditadura


·Passados os conflitos da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), o Chile viveu um período de expressivo desenvolvimento econômico baseado na exportação de minérios e o desenvolvimento do parque industrial. → diversas empresas estrangeiras aproveitaram do bom momento do país para lucrar com a exploração de suas riquezas. ( Estados Unidos).

· Até 1970 com Eduardo Frei o país era dominado por forças conservadoras do Partido democrático Cristão → vitoria da UP (Unidade Popular; que uniu os partidos de esquerda em torno do projeto socialista: “sociedade socialista construída de acordo com o modelo democrático pluralista e libertário) com Salvador Allende.

· Medidas de Allende: nacionalização de empresas de mineração e telecomunicações (especialmente dos EUA) → reação dos EUA: financiamento da instabilidade política do govrno e depois do Golpe Militar (some a tudo isso como causa o traumas dos EUA com a Revolução Cubana). → 1973 bombardeio ao Palácio de La Moneda (do Governo) pelas tropas de Pinochet





 
· Governo de Pinochet ficou marcado como um dos mais violentos regimes ditatoriais latino-americanos. Dados indicam que cerda de 60 mil pessoas foram mortas ou desapareceram, e 200 mil abandonaram o país durante o período em que Pinochet esteve no poder → Apenas no final da década de 1980, as pressões políticas internacionais e internas passaram a desestabilizar a ditadura chilena → Em 1988, um plebiscito previsto na Constituição negou a renovação do mandato de Pinochet que continuou com chefe das forças armadas (mas ele foi protegido no Chile pela imunidade parlamentar de Senador Vitalício).

México Contemporâneo

  • A Revolução Mexicana de 1910 ·Da independência em 1821 até à Revolução em 1910 a história do México foi marcada por instabilidade política e por ditaduras militares aliadas ao capital estrangeiro. ·Ditadura de Porfírio Diaz (1876 a 1911): aliado das elites. Opositores: maçons, caudilhos dissidentes e frágeis grupos de esquerda. ·Movimento de oposição a Ditadura de Porfírio Diaz – lutavam pela liberdade com a liderança de Francisco Madero→ o movimento virou uma revolução social → Porfírio Diaz renuncia · → Francisco Madero assume, mas não soluciona os problemas sociais → o governo de Francisco Madero sofre oposição de grupos revolucionários liderado por Emiliano Zapata e Pancho Vila que lutavam por reforma agrária e democracia → Francisco Madero é assassinado a mando do militar Victoriano Huerta que instaura uma ditadura ·→ as ações de Emiliano Zapata e Pancho Vila continuam mesmo após a renúncia de Huerta → Venustiano Carranza assume com apoio dos EUA → continuam as ações de Emiliano Zapata e Pancho Vila até o dia em que esses líderes são assassinados →o movimento revolucionário se enfraquece e o liberalismo apoiado pelos EUA se fortaleceu → Carranza foi deposto e fuzilado ·Crise de 1929 e mais revoltas → governo nacionalista de Lazaro Cárdenas (protecionismo, reforma agrária, nacionalização de empresas, legislação trabalhista. Agradou a burguesia nacional e proletariado urbano) → seus sucessores não deram continuidade á sua politica. ·Surge o Partido Revolucionário Institucional (PRI) é um dos principais partidos políticos do México que teve o poder hegemônico sobre este país entre 1929 até 2000(DITADURA PERFEITA -14 presidentes). Todos os presidentes do México foram deste partido, até que foi derrotado nas eleições do ano de 2000 pelo candidato do Partido da Ação Nacional do México, Vicente Fox Quesada.

Nicarágua e os EUA

  • AMÉRICA CENTRAL Após a independência · Junto com o México, formaram as Províncias Unidas da América Central→ mas logos se fragmentaram devido aos conflitos de interesses (inclusive norte-americanos e ingleses)
  • Intervenções dos EUA · Início do século XX; Big Stick (com o presidente Theodore Roosevelt). Ações: 1903, invasão à Zona do Canal do Panamá; 1912-25 e 1926-33, invasão à Nicarágua.
  • Nicarágua e os EUA · Domínio dos EUA era representado pela presença militar e pelo Tratado Bryan-Chamorro. · Reação contra a presença norte-americana no país: Exercito Defensor da Soberania (liderado pelo camponês Augusto Cesar Sandino, que lutava na tática de guerrilha). · 1933 (“Política da Boa Vizinhança” com Delano Rossevelt, pós-Crise de 1929) saída do EUA → que são substituídos pela Guarda Nacional (braço armado das elites) → 1934 Sandino é assassinado por Somoza (chefe da Guarda Nacional).
  • Samozismo (1937-79) · Samoza chega ao poder eleito e dá um golpe para se perpetuar (pois só saiu morto; ficou até 1956) no poder → tornou a ditadura hereditária (seus filhos até 1979). · A ditadura da família Samoza confundiu patrimônio público, com seu próprio patrimônio. · Oposição ao Samozismo: Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN): formado originalmente por universitários que lutavam contra o imperialismo norte-americanos, as oligárquias e as bases samozistas. · Crise do samozismo: eleição do Republicano Jimmy Carter (1977-81), apoio internacional a FSLN. · Herança do samozismo: caos econômico e social.
  • Governos Sandinista de Daniel Ortega. · Tenta promover reformas sociais → sofre oposição dos EUA (que apóia os “Contras” e promove sabotagens contra o governos) → crise social → eleição da representante das oligarquias locais Violeta Chamorro →restabeleceu a dominação americana.

ARGENTINA COMTEMPORÂNEA

  • Introdução - século XIX · Recebeu muitos imigrantes · Sua economia era baseada na pecuária, trigo e algodão. Recebeu investimentos estrangeiros (ingleses): instalação de indústrias ( bens de consumo) e frigoríficos.
  • Política antes da Ditadura Militar · Os partidos de oposição as oligarquias eram: UCR (União Cívica Radical) e OS (Partido Socialista). · Eleição de Hipólito Irigoyen (da UCR e era nacionalista) → deposto por GOLPE DE ESTADO → Seguem governos conservadores ) → deposto por GOLPE DE ESTADO → entra o populista, nacionalista e autoritário Juan Perón 1946-55 (com sua carismática esposa Evita Perón) → deposto por GOLPE DE ESTADO (devido a insatisfação da Igreja, militares e a diminuição das exportações) → Governos Militares (ainda não ao as Ditaduras Militares) perseguem sem sucesso o peronismo e empregam um governo entreguista → 1973 Perón (já idoso) e eleito democraticamente presidente → Perón morre em 1974, sua esposa (e vice) Isabelita assume a presidência → deposto por GOLPE MILITAR em 1974.
  • Ditadura Militar · Repressão, censura, entreguismo e violência como todas as Ditaduras na América Latina. · Disputas militares (para desviar a atenção da população dos problemas sociais que a Ditadura não conseguia resolver): Chile (pelo Canal de Beagle) e Inglaterra (Guerra das Malvinas, 1982. Sua derrota ajudou a por fim na Ditadura). · Fim da Ditadura – 1983: ficaram os problemas sociais e econômicos (inflação, moeda fraca, desemprego, concentração de renda.causas do Fim: derrota na Guerra das Malvinas e Campanha das “Diretas Já”.
  • Redemocratização · Assume Raul Alfonsín da UCR que tenta sem sucesso acabar com a crise econômica. · Carlos Menen – 1989 (o retorno do peronismo): promoveu a dolarização da economia e enfrentou o aprofundamento da crise econômica (devido a desvalorização do Real frente ao Dólar).

domingo, 13 de setembro de 2009

Revolução Chinesa e Guerra da Coréia

Revolução Chinesa

  • Após a Guerra do Ópio a China foi submetida ao imperialismo europeu (principalmente inglês) a exemplo a extraterritorialidade (cidadãos estrangeiros não submetidos às leis chinesas), “negocio da China” (condições comerciais vantajosas aos países europeus)

  • Em 1905 Sun Yat-Sem Funda o Partido Nacionalista (também conhecido como Kuomintang) que fará a Proclamação da República e substituirá o imperador Pu-Yi (da Dinastia Manchu) que renuncia em 1912.

  • Mesmo assim os conflitos internos continuaram: disputas entre as províncias do Norte e do Sul à morre Sun Yat-Sem e assume o General Chiang Kai-Shek à unifica o comando do pais derrotando as forças do Norte e passa a perseguir os Comunistas (o PCC liderados por Mao Tsé-Tung)

  • Guerra civil: Kuomintang ou Partido Nacionalista X Comunistas ou Exercito de Libertação Popular (que fizeram a longa Marcha em 1934)

  • Trégua: Guerra Sino-Japonesa (para expulsar os japoneses que invadiram o país durante a Segunda Guerra) à 1949 vitoria dos comunistas (Chiang Kai-Shek foge para a Ilha de Formosa ou Taiwan e forma a República da China)

  • Surge a República Popular da China sob o comando de Mao Tsé-Tung.

  • Os comunistas no poder: reorganização da china nos moldes soviéticos, 1953 rompe com a URSS após a morte de Stalin (maior autonomia em relação a Moscou), campanha das Cem Flores (tentativa de incentivar criticas da população contra o regime, ESSAS CRÍTICAS NÃO FORAM BEM ACEITAS), 1958 Grande Salto para Frente (tentativa de rápido processo de industrialização da China), 1966 Grande Revolução Cultural (impor a hegemonia do PCC e de Mao), 1989 Massacre da Praça da Paz Celestial. Atualmente a China chama seu regime de economia socialista de mercado.


    Guerra da Coréia

  • Anexada pelo Japão desde de 1910, a Coréia foi libertada por tropas norte-americanas e soviéticas durante a Segunda Guerra

  • norte-americanas e soviéticos dividiram o território entre si (tendo como marca o paralelo 38º)

  • Surge a República da Coréia do Sul (domínio americano) e República Popular da Coréia do Norte (domínio soviético)

  • Coréia do Sul é invadida por tropas da Coréia do Norte que visavam a reunificação, iniciando a Guerra da Coréia que durou ate 1953

  • entraram na Guerra os EUA e a URSS. à Guerra chegou ao fim sem nenhuma vantagem significativa para ambos os lados.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

SEGUNDO REINADO – POLÍTICA INTERNA

  • Fases do Império 1º. “Pax Imperial” (ou Pax romana): paz que favorece as elites. Características: implantação do parlamentarismo, do protecionismo alfandegário (tarifa Alves Branco) e tem seu fim a repressão ao trafico negreiro para o Brasil (Lei Eusébio de Queiroz, de 1850). 2º. De 1851 a 1963: crescimento da economia cafeeira ( e de outras atividades econômicas: transportes, comunicações, indústria, etc), Gabinete da Conciliação (entre liberais e conservadores), política externa intervencionista nos países platinos (Uruguai e Argentina) para mantermos nossa hegemonia na região. 3º. De 1864 a 1870: predomínio da política externa sob a interna (guerra contra Uruguai e Paraguai). 4º. 1871 a 1889: crise do Segundo reinado (questões: republicanas, religiosa, militar e abolicionista).
  • Parlamentarismo às avessas: · Início em 1843 com a convocação do gabinete pelo Marques do Paraná e consolidou-se em 1847 com a criação do cargo de Presidente do Conselho (1° Ministro ou Chefe de Gabinete). · Como funcionava: o gabinete nomeado pelo 1° Ministro se encarregava de convocar as eleições para a Câmara dos Deputados (com fraudes, conhecidas com “Eleições do Cacete). Esse modelo ao contrário do Inglês se encerrava com as eleições (daí o nome às avessas)
  • Revoltas do Segundo Reinado · Levantes Liberais (1842): em contrapartida ao Golpe da Maioridade os liberais fizeram parte do primeiro ministério do Segundo Reinado e, em decorrência disso, conseguiram a maioria na Câmara dos Deputados (obviamente de forma fraudulenta) → Os conservadores reagiram a exigiram a dissolução do Ministério Liberal → D. Pedro II dissolveu o Ministério Liberal → Gerando revoltas dos liberais em São Paulo e Minas Gerais. · Revolução Praieira 1848 (o nome se origina do jornal dos liberais que Diário Novo que ficava na Rua da Praia): causas: crise econômica (queda do preço do açúcar e algodão), controle do comercio por estrangeiros e deposição do governador liberal de Pernambuco (Pinto Chamorro Gama). Propostas (manifesto ao Mundo): voto livre e universal para todos os brasileiros, com a conseqüência extinção do voto censitário; - liberdade de imprensa; extinção do Poder Moderador; Garantia de trabalho para todos os cidadãos brasileiros; Nacionalização do comércio varejista; Extinção do Senado Vitalício. · Rebelião dos Quebra-Quilos (1874): obrigatoriedade do alistamento militar, aumento dos impostos e imposição autoritária do Sistema métrico decimal de pesos e medidas (que foi a gota d’água). Difundiu-se pelas províncias de Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte. · Revolta do Vintém (1880): a população pobre do Rio de Janeiro se rebela contra o aumento das passagens dos bondes, ainda puxados por burros e trens. A chamada Revolta do Vintém explode dia 1º de janeiro. A polícia tenta contê-la e os manifestantes respondem quebrando bondes, arrancando trilhos e virando os veículos. A revolta só pára com a intervenção do Exército, que abre fogo contra a multidão e mata várias pessoas.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA INGLESA


  • Situação da Inglaterra:
    · Conflito políticos e religiosos + crescimento urbano + expulsão do homem do campo (pelos Cercamentos) = necessidade de busca por terras.
    · A Inglaterra na o tinha recursos para o processo de colonização → o que coube a particulares.
    · Nem tinha condições de impor a sua autoridade às colônias (o que foi bastante diferente das colonizações ibéricas).


As treze colônias
· Eram núcleos separados, marcados por forte autonomia (o que reflete na república Norte-Americana)
· Eram divididas (didaticamente) em Norte, Centro e Sul





  • As colônias do Norte ou Nova Inglaterra.
    · Eram as colônias de: Massachusetts, Conecticut, Rhode Island e New Hampshire.
    · Por se localizarem em região de clima frio (semelhante ao europeu) não ofereceu atrativos (produtos tropicais) ao mercantilismo da época → Negligência Salutar.
    · Colônia de povoamento: minifúndio, produção para abastecer o mercado interno (criação de bovinos e ovinos, pesca, serrarias, manufaturas, etc.), policultura e mão-de-obra livre (ou familiar).
    · Sociedade: dinâmica, Predominantemente de puritanos, grande comerciantes.
    · “Caca ás bruxas”: intolerância e perseguições religiosa. Ex.: Cidade de Salém em 1692.
    · Comercio triangular: 1. Comprava melaço das Antilhas; 2. transformava-o em rum e o vendia para a África em troca de escravos; 3. Os escravos eram levados para as Antilhas ou colônias do Sul.


  • As colônias do Sul ou Colônias Meridionais
    · Eram as colônias de: Virginia, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Maryland e Geórgia.
    · Por se localizarem em região de clima mais quente (semelhante as demais colônias da América Latina) se adequou aos moldes mercantilistas → Plantation (ou colônias de exploração).
    · Colônias de exploração: latifúndios, produção para abastecer o mercado externo (tabaco, algodão, etc.), monocultura e mão-de-obra escrava africana (as vezes servidão por contrato).
    · Sociedade: marcada pela desigualdade social e étnica, e pelo preconceito racial. Os produtores se tornaram uma aristocracia poderosa e rica.


  • As colônias do Centro
    · Eram as colônias de: Noova Yorke, Nova Jersey, Pensilvânia e Delawere.
    · Marcados pela diversidade cultural devido à vinda de imigrantes de varias origens (holandês, franceses, alemães e suecos) → o que logo no início as conferiu um ar cosmopolita.
    · Souberam mesclar o dinamismo da Nova Inglaterra com a tolerância religiosa das Colônias Meridionais.


  • O autogoverno.
    · Alto grau de liberdade (Negligência Salutar) a exceção das Antilhas (área monocultora açucareira) → as problemas eram debatidos e resolvidos pela população → experiência de autogoverno → o que contribuí para sentimento de liberdade (Independência) em relação a Metrópole.
    · Cada colônia tinha um governador (que geralmente era escolhido pelas colônias, principalmente no Norte e Centro).

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

AS DEZ PIORES EPIDEMIAS DA HISTÓRIA

  • Introdução Poucas palavras sintetizam tanto o horror, a miséria e a maldição quanto a palavra "peste". Afinal de contas, as doenças infecciosas causaram muitos danos durante séculos. Elas dizimaram populações inteiras, exterminaram raças, causaram mais mortes que as guerras e desempenharam um papel importante no decorrer da história. Os homens primitivos encontravam os micróbios que causavam as doenças no ambiente em que viviam, na água que bebiam, no alimento que consumiam. Eventualmente, um surto podia dizimar um pequeno grupo, mas eles nunca se depararam com nada semelhante às doenças dos períodos históricos seguintes. Só depois que o homem começou a formar grupos populacionais maiores é que as doenças contagiosas começaram a se disseminar em proporções epidêmicas. Uma epidemia ocorre quando uma doença afeta, de forma desproporcional, uma grande quantidade de pessoas dentro de uma determinada população, como uma cidade ou uma região geográfica. Se ela atinge números ainda maiores e uma área mais ampla, esses surtos se transformam em pandemias. Os seres humanos também ficaram mais expostos a novas doenças fatais domesticando animais, que já possuem seus próprios micróbios. Ficando em contato direto com animais antigamente selvagens, os primeiros criadores deram a esses micróbios a chance de se adaptarem a hospedeiros humanos. Conforme o homem foi ampliando seu território, ficou mais em contato com os micróbios que, de outra forma, poderia nunca ter encontrado. Com o armazenamento de comida, o homem atraiu criaturas que se alimentam de lixo, como ratos e camundongos, que carregavam mais micróbios. A expansão humana também resultou na construção de mais poços e canais que, com suas águas paradas, eram lugares ideais para os mosquitos portadores de doenças. Como a tecnologia permitiu viagens e comércios mais distantes, novos microorganismos conseguiram se espalhar com mais facilidade de uma região altamente populosa para outra. Ironicamente, muitos dos pilares da sociedade humana moderna abriram caminho para uma de suas maiores ameaças. E com o nosso desenvolvimento, os micróbios também evoluem.
  • Varíola Antes que os exploradores, conquistadores e colonizadores europeus começassem a encher o Novo Mundo no início de 1500, as Américas eram a casa de aproximadamente 100 milhões de nativos. Durante os séculos que se seguiram, as doenças epidêmicas reduziram esse número para algo entre 5 e 10 milhões. Embora esses povos, como os incas e os astecas (em inglês), tenham construído cidades, elas não moravam nelas tempo suficiente para propagarem o tipo de doenças que os europeus possuíam, nem tinham domesticado tantos animais. Quando os europeus chegaram às Américas, levaram consigo uma grande quantidade de doenças, para as quais os nativos não tinham defesa nem imunidade. O que garantiu sua vitória não foi nenhuma arma de fogo moderna, mas a varíola que os conquistadores levaram acidentalmente para o continente. A principal dessas doenças foi a varíola, causada pelo vírus da varíola. Esse vírus começou a afetar os humanos há milhares de anos, sendo que a forma mais comum da doença foi responsável por uma taxa de mortalidade de 30% [fonte: CDC]. A varíola provoca febre alta, dores no corpo e erupções que logo passam de protuberâncias e crostas cheias de líquido para cicatrizes permanentes. A doença é transmitida principalmente pelo contato direto com a pele ou com os líquidos do corpo de uma pessoa infectada, mas também pode se espalhar pelo ar em ambientes fechados. Guerra biológica O poder da varíola em exterminar populações nativas foi um efeito inesperado da presença das forças européias na América do século 16. Entretanto, as epidemias posteriores nem sempre foram tão acidentais. Durante a guerra franco-indígena de 1763, o comandante britânico Sir Jeffrey Amherst foi responsável pela contaminação das tribos Ottawa. As tropas deram aos índios cobertores infectados. Hoje, com a varíola erradicada no mundo todo, surgiu o medo de que o vírus pudesse ser usado em um ataque terrorista contra uma população não vacinada. Apesar da criação de uma vacina, em 1796, a epidemia da varíola continuou se espalhando. Em 1967, o vírus matou dois milhões de pessoas e assustou outras milhares em todo o mundo [fonte: Choo]. Nesse mesmo ano, a Organização Mundial da Saúde liderou uma campanha para erradicar o vírus por meio de vacinações em massa. Como resultado, 1977 marcou o último caso de varíola que ocorreu naturalmente. Efetivamente eliminada do mundo natural, a doença existe apenas em laboratório.
  • Gripe de 1918 Em 1918, o mundo assistia ao fim da Primeira Guerra Mundial. No fim daquele ano, o número estimado de mortos chegaria a 37 milhões no mundo inteiro e milhões de soldados tentavam voltar para casa. Então, surgiu uma nova doença. Alguns a chamaram de gripe espanhola, outros de a grande gripe ou ainda de gripe de 1918. Independe disso, a doença matou aproximadamente 20 milhões de pessoas em questão de meses [fonte: Yount]. Em um ano, a gripe desapareceria, mas apenas depois de causar um número espantoso de mortes. As estimativas globais variam entre 50 e 100 milhões de fatalidades naquele ano [fonte: NPR]. Muitos a consideram a pior epidemia (depois pandemia) registrada na história da humanidade. Enfermeiras cuidam de vítimas da epidemia de gripe espanhola de 1918 dentro de barracas de lona, em Massachusetts A gripe de 1918 não foi causada pelo vírus típico da gripe que vemos anualmente. Era uma nova cepa de micróbio da gripe, o vírus A da gripe aviária H1N1. Os cientistas suspeitam que a doença tenha sido transmitida dos pássaros para os humanos no meio-oeste americano pouco antes do surto. Foi batizada, posteriormente, de gripe espanhola depois que uma epidemia na Espanha matou 8 milhões de pessoas [fonte: NPR]. No mundo inteiro, o sistema imunológico das pessoas estava totalmente despreparado para o novo vírus - assim como os astecas não esperavam a chegada da varíola, por volta de 1500. O transporte de tropas e as linhas de abastecimento no fim da Primeira Guerra Mundial permitiram que o vírus chegasse rapidamente a proporções pandêmicas, espalhando-se para outros continentes e países. Ressurreição de um assassinoEm 2005, os pesquisadores recriaram o vírus A da gripe aviária H1N1 a partir de material genético encontrado nos pulmões das vítimas da gripe de 1918. Os cientistas esperam que, com o estudo do vírus fatal, eles possam se preparar melhor para futuros surtos dos novos vírus da gripe. A gripe de 1918 apresentava os sintomas típicos de uma gripe normal, como febre, náusea, dores e diarréia. Além disso, os pacientes freqüentemente desenvolviam manchas escuras nas bochechas. Quando seus pulmões se enchiam de líquido, eles corriam o risco de morte por falta de oxigênio. Aqueles que morreram se afogaram com a própria secreção. A epidemia desapareceu em um ano, quando o vírus mudou para outras formas menos fatais. A maioria das pessoas, hoje, apresenta algum grau de imunidade a essa família de vírus H1N1, herdada daqueles que sobreviveram à pandemia.
  • Peste negra Carroças cheias de cadáveres, famílias agonizantes isoladas, reis e camponeses implorando libertação - quando se trata de doenças epidêmicas, poucas têm imagens tão terríveis quanto a peste negra. Considerada a primeira doença verdadeiramente pandêmica, a peste negra matou metade da população da Europa, em 1348, e dizimou partes da China e da Índia. Essa "grande agonia" seguiu os caminhos do tráfico e da guerra, exterminando cidades e mudando para sempre a estrutura das classes, as políticas globais, o comércio e a sociedade. Por muito tempo, a peste negra foi considerada uma epidemia de peste, viajando em sua forma bubônica nas pulgas de rato, e pelo ar, na forma pneumônica. Estudos recentes colocaram isso em dúvida. Alguns cientistas afirmam que a peste negra pode ter sido um vírus hemorrágico semelhante ao ebola. Essa forma de doença resulta em forte hemorragia. Os cientistas continuam estudando material genético de supostas vítimas da peste na esperança de descobrir provas genéticas que confirmem suas teorias. Causada pela bactéria Yersinia pestis, a doença ainda pode representar um problema em áreas pobres e infestadas por ratos. A medicina moderna permite o tratamento fácil da doença em seus estágios iniciais, tornando-a uma ameaça bem menos fatal. Os sintomas são glândulas linfáticas inchadas, febre, tosse, muco com sangue e dificuldade para respirar. Herança permanente A peste negra teve um grande efeito na arte e na literatura do período em que ocorreu. Poetas, pintores e escultores da época ficaram preocupados com a morte e com a vida futura. Séculos depois, quando a humanidade enfrentou epidemias modernas (como a AIDS, por exemplo) e refletiu sobre as pestes anteriores, as visões da crise pandêmica também podem ser vistas nos meios de comunicação.
  • Malária A malária não é novidade para o mundo das doenças epidêmicas. Há registros de seu impacto nas populações humanas de mais de 4 mil anos atrás, quando os escritores gregos observaram seus efeitos destruidores. A descrição da doença transmitida por mosquito surgiu nos textos médicos antigos da Índia e da China. Até então, os cientistas associavam a doença às águas paradas onde os mosquitos proliferavam. A malária é causada por protozoários do gênero Plasmodium comuns a duas espécies: mosquitos e seres humanos. Quando os mosquitos infectados se alimentam do sangue humano, eles transmitem esses protozoários. Uma vez no sangue, eles crescem dentro dos glóbulos vermelhos, destruindo-os. Os sintomas variam de moderados a fatais, mas, normalmente, incluem febre, calafrios, sudorese, cefaléia e dores musculares. Há uma grande dificuldade de se obter números específicos relacionados às antigas epidemias de malária. É possível ver melhor os efeitos anteriores da doença se analisarmos os grandes empreendimentos nas regiões infestadas pela malária. Em 1906, os Estados Unidos empregaram mais de 26 mil trabalhadores para a construção do Canal do Panamá. Os organizadores hospitalizaram mais de 21 mil deles por conta da doença [fonte: CDC]. Apenas na Guerra Civil Americana, 1.316.000 homens supostamente tiveram a doença e 10 mil morreram. Durante a Primeira Guerra Mundial, a malária imobilizou as forças britânicas, francesas e alemãs durante três anos. Aproximadamente, 60 mil soldados norte-americanos morreram da doença na África e no Pacífico Sul durante a Segunda Guerra Mundial [fonte: site da malária]. No fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos tentaram impedir a epidemia da malária. No início, o país progrediu bastante usando o inseticida DDT (Dicloro-difenil-tricloroetano), hoje proibido, e depois, tomou medidas preventivas para manter baixas as populações do mosquito. Depois que o CDC (Centro de Controle de Doenças) declararou que a malária tinha sido erradicada nos Estados Unidos, a Organização Mundial da Saúde começou a erradicá-la no mundo inteiro. Entretanto, os resultados foram heterogêneos e os custos, a guerra, a política, assim como o surgimento de mosquitos resistentes a inseticidas e de cepas de malária resistentes aos medicamentos, finalmente, levaram ao abandono do projeto. Atualmente, a malária continua representando um problema em boa parte do mundo, especialmente na África subsaariana, área que foi excluída da campanha de erradicação da OMS. Anualmente, entre 350 e 500 milhões de casos de malária ocorrem na região [fonte: CDC]. Desses casos, mais de 1 milhão resultam em morte. Mesmo nos Estados Unidos, ocorrem mais de mil casos e várias mortes por ano, apesar das declarações anteriores de erradicação.
  • Tuberculose A tuberculose causou grande impacto na humanidade e destruiu populações. Os textos antigos detalham a maneira como as vítimas da doença eram afetadas. Houve, inclusive, evidências de DNA da doença descobertas em múmias egípcias. Provocada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, a tuberculose é transmitida de pessoa para pessoa através do ar. A bactéria geralmente chega aos pulmões, causando dores no peito, fraqueza, perda de peso, febre, sudorese noturna e crises de tosse com sangue. Em alguns casos, a bactéria também afeta o cérebro, os rins ou a coluna vertebral. No início do século 17, a epidemia de tuberculose na Europa, conhecida como a grande peste branca, matou aproximadamente uma em cada sete pessoas infectadas. A tuberculose era um problema comum na América colonial. Mesmo no fim do século 19, 10% de todas as mortes nos Estados Unidos eram atribuídas à tuberculose [fonte: Departamento de Saúde e Serviços Públicos de Nebrasca]. Em 1944, os médicos desenvolveram o antibiótico estreptomicina, usado no combate à doença. Foram feitos mais avanços nos anos seguintes e, depois de 5 mil anos de sofrimento, a humanidade finalmente tinha uma cura para o que os gregos antigos chamavam de tísica, "a doença devastadora". Apesar das curas e dos tratamentos modernos, a tuberculose continua infectando cerca de 8 milhões de pessoas anualmente, matando, conseqüentemente, cerca de 2 milhões [fonte: Departamento de Saúde e Serviços Públicos de Nebrasca]. A doença reapareceu com força na década de 90 devido à falta de programas de prevenção e tratamento, à pobreza mundial e ao surgimento de novas cepas resistentes a antibióticos. Além disso, pacientes com HIV/AIDS ficam com o sistema imunológico comprometido, tornando-se mais suscetíveis à doença. Assim como o vírus da AIDS se propagou em todo o mundo, a tuberculose também reapareceu.
  • Cólera As pessoas da Índia sempre conviveram com os perigos da cólera, mas somente após o século 19 o resto do mundo conheceu essa doença. Durante esse período, os navios mercantes exportavam acidentalmente a bactéria mortal para cidades da China, do Japão, da África do Norte, do Oriente Médio e da Europa. Seguiram-se seis pandemias de cólera que mataram milhões de pessoas. A cólera é causada por uma bactéria intestinal chamada Vibrio cholerae. As infecções geralmente são moderadas. Cerca de 5% das pessoas que contraem a doença apresentam vômito, diarréia e cãibras fortes nas pernas - sintomas que levam rapidamente à desidratação grave e à queda acentuada da pressão arterial. Pode-se contrair a bactéria através de contato físico direto com pessoa contaminada, mas a cólera se propaga principalmente pela água e pelos alimentos contaminados. Devido às condições duras e miseráveis das principais cidades da Europa durante a revolução industrial (em inglês) no início do século 19, a cólera novamente se propagou. Os médicos exigiam condições de vida melhores e mais sistemas de esgoto sanitário, achando que o "ar ruim" era o responsável pela epidemia. Essa medida ajudou bastante, mas foi somente depois que a doença foi associada à água contaminada que a quantidade de casos diminuiu consideravelmente. Durante décadas, a cólera foi esquecida - parecia ser apenas uma doença do século 17, derrotada pelas melhorias no saneamento e na medicina. No entanto, uma nova cepa da cólera surgiu em 1961, na Indonésia, tendo se espalhado para boa parte do mundo. A pandemia resultante continua até hoje. Em 1991, a cólera debilitou cerca de 300 mil pessoas e matou 4 mil [fonte: Yount]. Como a AIDS é notícia com freqüência, a doença acabou inspirando muitos filmes, peças, programas de TV e livros premiados. Conheça na próxima página essa doença incurável.
  • AIDS O surgimento da AIDS, nos anos 80, levou a uma pandemia mundial, matando cerca de 25 milhões de pessoas desde 1981. De acordo com estatísticas recentes, 33,2 milhões de pessoas são HIV-positivas e 2,1 milhões de pessoas morreram de AIDS apenas em 2007 [fonte: Avert]. A AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida) é causada pelo HIV (vírus da imunodeficiência humana). O vírus é transmitido pelo contato com sangue, sêmen e outros líquidos do corpo, e afeta o sistema imunológico humano. Com o sistema imunológico enfraquecido, abrem-se caminhos para infecções, chamadas de infecções oportunistas, que, de outra forma, não representariam um problema. A infecção pelo vírus HIV se transforma em AIDS quando o sistema imunológico é gravemente afetado. Os cientistas acreditam que o HIV foi transmitido aos humanos através de certas espécies de macacos e símios em meados do século 20. Durante a década de 70, a população da África cresceu e a guerra, a pobreza e o desemprego assolaram as áreas urbanas. A prostituição e o abuso de drogas injetáveis chegaram ao caos, e o HIV passou a ser transmitido através de relações sexuais sem preservativo e da reutilização de seringas e agulhas contaminadas. Mesmo nos hospitais, o reaproveitamento de seringas e agulhas, e as transfusões de sangue contribuíram para a epidemia. Ainda não há cura para a AIDS, embora certos medicamentos possam impedir que o HIV se transforme na doença. Outros medicamentos podem ajudar a combater as infecções oportunistas. Várias organizações promoveram campanhas de tratamento, conhecimento e prevenção da AIDS. Como já mencionamos, o HIV geralmente é transmitido através da relação sexual e do uso de agulhas compartilhadas. Os médicos continuam recomendando o uso de preservativos e agulhas descartáveis (para obter mais informações sobre a AIDS e o HIV, leia Como funciona a AIDS). A seguir, conheça uma doença que fez Napoleão parar - a febre amarela.
  • Febre amarela Quando os europeus começaram a importar escravos africanos para as Américas, eles também levaram uma série de novas doenças, como a febre amarela. Essa doença arrasou as colônias, dizimando fazendas e até grandes cidades. Quando o imperador da França, Napoleão Bonaparte, enviou um exército com 33 mil homens às terras francesas na América do Norte, a febre amarela matou 29 mil deles. Napoleão ficou tão chocado com a quantidade de mortos que decidiu que o território não valia o risco de mais perdas. A França vendeu essas terras aos Estados Unidos em 1803 - um acontecimento conhecido na história como a Compra da Louisiana (em inglês) [fonte: Yount]. A febre amarela, assim como a malária, é transmitida de uma pessoa a outra através da picada de mosquitos. Os sintomas são febre, calafrios, cefaléia, dor muscular, dor nas costas e vômito. A gravidade dos sintomas varia de moderada a fatal e as infecções graves podem levar a sangramento, choque e insuficiência renal e hepática. A insuficiência hepática provoca icterícia, ou seja, a coloração amarelada da pele, que dá à doença seu nome. Apesar da vacinação, dos procedimentos de tratamento aprimorados e do controle do mosquito, as epidemias da doença persistem até hoje na América do Sul e na África. Leia a próxima página para descobrir por que os soldados nas guerras não tinham somente que se esquivar das balas, mas também do tifo epidêmico. Os danos que causamos a nós mesmos A Organização Mundial da Saúde (OMS) continua lutando contra epidemias em todo o mundo - incluindo o tabagismo e a obesidade. A obesidade clínica afeta aproximadamente 300 milhões de pessoas no mundo inteiro, aumentando o risco de doença crônica grave e diminuindo a qualidade de vida [fonte: OMS]. Quanto aos cigarros, a OMS estima que, em 20 anos, o tabagismo causará mais mortes do que o HIV, a tuberculose e as mortes violentas, todos juntos [fonte: BBC].
  • Tifo epidêmico Aglomere uma certa quantidade de pessoas em péssimas condições de higiene e você provavelmente terá uma infestação de piolhos. As cidades miseráveis e as tropas acampadas, por toda a história, tiveram que suportar as ameaças dos parasitas e das bactérias devastadoras. O minúsculo micróbio Rickettsia prowazekii causa uma das doenças infecciosas mais arrasadoras que o mundo já viu: o tifo epidêmico. Essa doença assolou a humanidade durante séculos, causando milhares de mortes. Dada sua freqüência entre as tropas acampadas, geralmente era chamada de "febre do campo" ou "febre da guerra". Durante a Guerra dos Trinta Anos [1618-1648], na Europa, o tifo, a peste e a fome atingiram cerca de 10 milhões de pessoas. Algumas vezes, os surtos de tifo determinaram o resultado de guerras inteiras [fonte: Conlon]. Quando as forças espanholas ficaram cercadas na fortaleza moura de Granada, em 1489, um surto de tifo fez com que passassem de 25 mil para 8 mil soldados em um único mês [fonte: Conlon]. Devido à destruição causada pela doença, passou-se mais um século sem que os espanhóis conseguissem expulsar os mouros da Espanha. Tão recente quanto a Primeira Guerra Mundial, a doença provocou milhões de mortes na Rússia, na Polônia e na Romênia. Os sintomas do tifo epidêmico normalmente são cefaléia, falta de apetite, mal-estar e um rápido aumento da temperatura, que logo se transforma em febre, acompanhada de calafrios e náusea. Se não for tratada, a doença afeta a circulação sangüínea, resultando em pontos de gangrena, em pneumonia e em insuficiência renal. A febre muito alta pode evoluir para um quadro de delírio, coma e insuficiência cardíaca. Melhores métodos de tratamento e condições sanitárias diminuíram bastante o impacto do tifo epidêmico nos tempos modernos. O surgimento de uma vacina contra o tifo durante a Segunda Guerra Mundial e o uso difundido de DDT em populações com piolho ajudaram a eliminar efetivamente a doença no mundo desenvolvido. Os surtos ainda ocorrem em partes da América do Sul, da África e da Ásia. Leia a próxima página para saber por que o saneamento e as condições de vida mais adequadas deixaram muitas pessoas expostas a uma doença (literalmente) paralisante.
  • Poliomielite Os pesquisadores suspeitam que a poliomielite foi uma epidemia que atingiu os humanos durante milênios, paralisando e matando milhares de crianças. Por volta de 1952, estima-se que houve 58 mil casos da doença apenas dos Estados Unidos - 1/3 dos pacientes estava paralisado. Desses, mais de 3 mil morreram. A causa da poliomielite é o poliovírus, que atinge o sistema nervoso do homem. Dissemina-se por material fecal, normalmente sendo transmitido através de água e alimento contaminados. Os sintomas iniciais são febre, fadiga, cefaléia, vômito, rigidez e dor nos membros. Com isso, aproximadamente 1 em 200 casos evolui com paralisia [fonte: OMS]. Embora normalmente afete as pernas, a doença às vezes atinge os músculos respiratórios geralmente com resultados fatais. A poliomielite ocorre com mais freqüência em crianças, mas também pode atingir adultos. Tudo depende de quando a pessoa encontra o vírus pela primeira vez e desenvolve sua primeira infecção. O sistema imunológico está mais bem preparado para combater a doença em crianças, por isso, quanto mais idade a pessoa tiver na primeira infecção, maior será o risco de paralisia e de morte. A poliomielite é uma enfermidade antiga para o homem e circula pelo mundo há séculos. Com a elevada exposição ao vírus, a imunidade ficou mais alta, especialmente em crianças. No século 18, os métodos de saneamento melhoraram em muitos países. Isso limitou a disseminação da doença, diminuiu a imunidade natural e as chances de exposição ainda na infância. Conseqüentemente, uma quantidade cada vez maior de pessoas mais velhas contraiu o vírus e o número de casos de paralisia nas nações desenvolvidas disparou. Não existe uma cura efetiva para a poliomielite, mas os médicos aperfeiçoaram a vacina contra a doença no início da década de 50. Desde então, os casos nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos caíram drasticamente, e apenas algumas nações em desenvolvimento ainda apresentam a doença em níveis epidêmicos. Como os seres humanos são os únicos portadores conhecidos do vírus, a vacinação em massa praticamente garante a extinção da poliomielite. Em 1988, a Organização Mundial da Saúde organizou a Iniciativa de Erradicação Global da Poliomielite para alcançar esse objetivo.