domingo, 16 de outubro de 2011

Falta de mão de obra ameaça crescimento; em 2010, 24% das vagas no CE ficaram ociosas

Ceará preencheu 76% das vagas ofertadas no Sine. É o terceiro maior índice do País, atrás do MA (91%) e AL (81%)
Com o desemprego em queda e a falta de qualificação no mercado de trabalho, preencher vagas não tem sido fácil para as empresas. De acordo com dados do Sine/IDT Ceará (Sistema Nacional de Emprego/Instituto de Desenvolvimento do Trabalho), na média do ano passado, das oportunidades postas à disposição, 24% acabaram não sendo aproveitadas e 76% foram encaminhadas com sucesso, tendência que permanece.

O percentual não utilizado, mesmo elevado, é o terceiro melhor do País, abaixo apenas dos números do Maranhão (9%) e Alagoas (19%). Segundo o Sine/IDT, foram 120.422 postos ofertados, dos quais 91.593 foram ocupados, totalizando 28.829 vagas que ficaram ociosas.

De acordo com o coordenador de Intermediação de Profissionais do Sine/IDT, Antenor Tenório, em comparação com a média nacional, que é de 34% de aproveitamento, o Ceará se coloca em posição de destaque no grau de eficiência dos encaminhamentos.

Alternativas
Ele lembra que essas quase 29 mil vagas não ficaram necessariamente inativas. "Quando as empresas tentam com a gente e não conseguem preencher, eles costumam partir para outras alternativas, como publicações em jornais, indicações de pessoas que já trabalham no local e até mesmo contratação de empresas de consultoria para selecionar esses trabalhadores", enumera. Em último caso, quando todas as opções se esgotam, os contratantes acabam tendo de formar o profissional, por meio de algum programa de qualificação, completa Tenório.

Qualificação é baixa
Segundo ele, quando as vagas exigem um currículo com grande nível de complexidade e conhecimentos muito específicos, costuma haver demora para achar candidatos à altura. "A qualificação é muito baixa. Lidamos bastante com falta de experiência", lamenta Tenório.

Banco de dados
Algumas empresas, diz ele, usam o Sine apenas para fazer banco de dados, prática que acaba ludibriando os interessados. "Elas anunciam vagas, mas, às vezes, acaba acontecendo que o preenchimento não é para aquele momento, e sim para o futuro. Nós tentamos evitar isso, mas acaba ocorrendo", diz.

Oficinas
No intuito de otimizar o processo, diz Tenório, o IDT tem realizado oficinas para preparar o trabalhador que pleiteia o posto na seleção, com dicas para orientar os interessados no momento da entrevista. Outro serviço é o Núcleo de Psicologia, oferecido às empresas para processos seletivos. "Esse núcleo é um diferencial. Muitas vezes a empresa não é daqui e, quando chega para contratar, não tem estrutura. Ajudamos nessa questão, fornecendo psicólogos", diz. "Outro ponto é a imprensa. Sempre divulgamos vagas em rádio, televisão e jornais", completa. 

VICTOR XIMENESREPÓRTER

Dados do Censo 2010

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Dívida americana Estados Unidos afastam risco de calote




O governo dos Estados Unidos venceu no início de agosto uma importante batalha – só que em um front doméstico. Em meio a um ambiente de tensão e expectativa nos mercados financeiros, o Congresso americano aprovou a elevação do teto da dívida pública. Dessa forma, evitou o risco de um calote inédito da maior economia do planeta, o que poderia provocar uma crise na economia mundial.

O debate que antecedeu a votação no Parlamento também forneceu uma lição de como a economia depende de decisões políticas. Durante quase um mês, o mundo ficou praticamente refém dos dois partidos políticos americanos, o Democrata e o Republicano, que possuem visões antagônicas. Como isso aconteceu? Dívida pública é o conjunto dos empréstimos que um Estado faz para cobrir gastos que incluem saúde, obras, aposentadorias e pagamento de credores. A dívida surge quando o valor arrecadado com impostos não é suficiente para pagar as despesas. É parecido com o orçamento doméstico: se não temos dinheiro para fazer uma reforma na casa, podemos pedir emprestado ao banco.

Essas dívidas são contraídas por meio da emissão de títulos públicos. O título é uma garantia de que o valor investido naquele país – por um banco, uma empresa, um cidadão ou outro Estado – será ressarcido com juros.

Em algumas circunstâncias, o endividamento pode atingir o patamar previsto no orçamento. Foi o que aconteceu nos Estados Unidos. Os gastos militares com as guerras do Iraque e do Afeganistão, somados à crise financeira de 2008, fizeram com que o limite (US$ 14,3 trilhões ou cerca de R$ 22,2 trilhões), fosse atingido em 16 de maio. Uma manobra do Executivo permitiu estender esse prazo-limite para 2 de agosto, mas algo precisava ser feito. 

Quem determina o teto de endividamento federal nos Estados Unidos, desde 1917, é o Congresso. Por isso, democratas e republicanos elaboraram projetos visando o aumento desse limite. Caso uma proposta não fosse aprovada até 2 de agosto, os Estados Unidos não teriam como pagar seus credores, decretando moratória. Seria o primeiro calote na história americana. O mais grave é que os títulos do país são considerados os mais seguros do mundo. Quais seriam as conseqüências de um calote do Tesouro americano?

De acordo com analistas, em primeiro lugar, o país perderia a credibilidade. E credibilidade é essencial no universo das finanças. Afinal, ninguém emprestaria dinheiro para um mau pagador.

Agora, imagine se esse mau pagador fosse a nação mais rica do mundo. O calote afetaria não somente a economia interna, mas a de outros países. O Brasil, por exemplo, é o quinto maior credor estrangeiro do governo americano (o primeiro é a China). Poderia haver outra crise econômica como a de três anos atrás.

Política

O impasse surgiu quando as propostas começaram a ser debatidas no Congresso. Não havia consenso entre os parlamentares.

Os democratas, que formam a base aliada do governo, são mais liberais, enquanto os republicanos (que fazem oposição) tendem a ser mais conservadores. Ambos os lados concordaram que era preciso equilibrar as contas do governo. Mas divergiam sobre o modo de fazer isso.

Os republicanos queriam que o governo cortasse gastos na área social e eram contrários ao aumento de impostos. Já os democratas propunham aumentar os impostos dos mais ricos e reduzir gastos militares, protegendo os programas sociais.

Em 1º. de agosto, os deputados federais aprovaram um plano bipartidário na Câmara dos Representantes, por 269 votos a favor e 161 contra. No dia seguinte, no prazo final, o Senado aprovou a proposta por 74 votos a 26. Até o término da votação, o clima de incerteza afetou os mercados internacionais.

O acordo prevê que o nível de endividamento seja elevado em até US$ 2,4 trilhões (R$ 3,7 trilhões). Isso será feito em etapas até 2013, evitando novas disputas no ano que vem, quando ocorrem eleições presidenciais.
Outra medida do plano é o corte de gastos, no mesmo montante, em dez anos. É, portanto, uma espécie de cheque que o governo receberá para gastar, mas que terá de pagar no futuro. Os cortes nas despesas terão ainda que passar pelo Legislativo.

Apesar de a sanção da lei ter evitado uma crise, a imagem dos Estados Unidos não saiu ilesa da disputa política. E, a despeito do alívio nas bolsas de valores, os mercados financeiros serão assombrados por uma dúvida: quando virá o próximo sufoco?
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Autoridade Nacional propõe reconhecimento na ONU



Sem sucesso em acordos de paz com Israel, a Autoridade Nacional Palestina decidiu mudar de estratégia e propor na 66ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) o reconhecimento do Estado Palestino nas fronteiras pré-1967, situando a capital na parte oriental de Jerusalém. A proposta é recusada por Israel e Estados Unidos.

Mesmo que seja aprovada, uma resolução em favor da Palestina não garantirá o fim dos conflitos com os israelenses. As negociações de paz estão paralisadas há um ano devido à resistência de Israel em desocupar territórios árabes.

Mas ser aceito como o 194º. Estado da ONU teria um efeito político importante para os palestinos. Eles teriam acesso, por exemplo, a tribunais internacionais, onde poderiam abrir processos contra o governo israelense por conta das áreas invadidas.

Há décadas árabes e judeus disputam as mesmas terras no Oriente Médio. No século 19, colonos judeus foram incentivados a migrarem da Europa para a Palestina. O objetivo era constituir o Estado de Israel. Os árabes, contudo, já habitavam a região há séculos.

Durante a perseguição nazista, na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o fluxo migratório de judeus se intensificou. Em 1947, a ONU propôs a divisão da Palestina, formando dois Estados independentes. Jerusalém, cidade considerada sagrada por cristãos, judeus e muçulmanos, foi colocada sob controle internacional, para evitar conflitos. Os árabes não aceitaram o acordo e, no ano seguinte, Israel se tornou um Estado independente.

A tensão entre Israel e países árabes culminou na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Ao fim dos combates, os israelenses assumiram o controle da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental, então pertencentes à Jordânia; da Faixa de Gaza e da Península do Sinai, domínios do Egito; e das Colinas de Golã, território da Síria.

Os árabes que viviam nessas terras foram expulsos ou se retiraram para campos de refugiados. Os judeus, estimulados pelo governo, começaram a criar assentamentos em Gaza e na Cisjordânia. Nos anos seguintes, ocorreram guerras, massacres e atentados terroristas. A Península do Sinai foi finalmente devolvida ao Egito em 1982, e a Faixa de Gaza, entregue aos árabes em 2005.

Em 23 de setembro, o presidente da autoridade palestina, Mahmoud Abbas, entregou ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, uma carta com o  pedido de inclusão da Palestina como membro pleno da organização,  nas fronteiras definidas antes das ocupações. Países como o Brasil já reconheceram o Estado Palestino.

A reivindicação tem respaldo na Resolução 242 da ONU, de 1967, que determina a desocupação das áreas palestinas. O documento, contudo, nunca foi seguido por Israel.

Votação

Israel não aceita a proposta, pois ela significaria a dissolução dos assentamentos da Cisjordânia, onde vivem cerca de 300 mil judeus (e 2,5 milhões de palestinos), além de abrir mão de Jerusalém Oriental, dividindo novamente a capital. Haveria riscos, de acordo com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de expor o país à ação de radicais islâmicos.


Em maio, quando o presidente americano, Barack Obama, pediu para que as negociações de paz se pautassem pelas fronteiras traçadas em 1967, Netanyahu considerou o pedido "irreal" e "indefensável".


Agora, o governo americano, principal aliado de Israel, deve ser o maior obstáculo para a admissão do Estado Palestino na ONU. Isso porque a proposta deve ser antes aprovada por nove dos 15 países membros do Conselho de Segurança, sem sofrer nenhum veto. Cinco membros permanentes têm poder de veto: Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e ‘China. Washington sinalizou que, se preciso, vetará a medida para pressionar os palestinos a retomarem as negociações com Israel.

Por outro lado, se a candidatura palestina receber aprovação do Conselho, deverá ser votada na Assembleia Geral, onde precisará do voto de dois terços dos 193 países membros.Uma decisão da ONU como esta poderá isolar ainda mais Israel no cenário internacional. Hoje, revoltas em curso em países como Síria e Egito, junto com o apoio de países ocidentais à causa palestina, fortalecem os árabes na geopolítica do Oriente Médio.

José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação