terça-feira, 16 de março de 2010

Elaições no Iraque

A eleição parlamentar no Iraque, ocorrida no último dia 7 de março, foi a segunda e a mais importante realizada desde a queda da ditadura de Saddam Hussein em 2003. O desafio é garantir a estabilidade política do país após a saída das tropas americanas, ano que vem, e manter a paz com os vizinhos no Oriente Médio.

Há duas dificuldades nessa empreitada: primeiro, conciliar uma sociedade dividida em grupos étnicos (árabes - 75% e 80% da população - e curdos - 15 e 20%) e religiosos (xiitas - 60 a 65% - e sunitas -32% a 37%); e, segundo, a tradição de regimes ditatoriais e teocráticos no Oriente Médio, que desconhecem a prática da democracia.

Os Estados Unidos invadiram o Iraque em 20 de março de 2003, após os ataques do 11 de Setembro. Desde então, enfrentam uma das guerras mais caras, sangrentas e duradouras de sua história. Por isso, o presidente Barack Obama, eleito ano passado, assumiu o compromisso de retirada gradual das tropas até o final de 2011. Quando isso acontecer, os iraquianos ficarão por conta própria.

As eleições ocorreram em meio a atentados terroristas que mataram 38 pessoas. Serão eleitos 325 novos integrantes do Parlamento e, possivelmente, um primeiro ministro e presidente. Os resultados não devem diferir do governo atual, de xiitas governando com apoio dos curdos e, talvez, uma maior participação da minoria sunita, equilibrando o poder.
Relembrando a Era Saddam Husseim
Após quatro séculos de domínio do Império Otomano (1533-1918) e como colônia européia (1921-1958), o país sofreu sucessivos golpes de Estado até que o partido do sunita Saddam Hussein chegou ao poder, em 1968.
Eleito presidente em 1979, Saddam ficou 24 anos à frente de uma das ditaduras mais sangrentas da região (ele foi responsabilizado pelo massacre de 148 xiitas, ocorrido em 1982, após sofrer uma tentativa de assassinato).
Nesse período, o Iraque se envolveu em três guerras no Golfo Pérsico: a primeira contra o Irã (1980-1988), quando Saddam tinha apoio de Washington; a segunda quando invadiu o Kwait (1990), a qual seguiram-se severos boicotes e sanções; e a terceira, quando foi invadido Estados Unidos (2003).
Os Estados Unidos entraram no Iraque em 20 de março de 2003, com apoio do Reino Unido. Na ocasião, o governo de George W. Bush (2001-2009) acusou Saddam Hussein de ligação com os atentados de 11 de Setembro e de possuir armas de destruição em massa, fatos que nunca foram comprovados. O verdadeiro motivo da guerra seria garantir o controle das reservas de petróleo do Iraque (ver livro indicado abaixo).
O ditador iraquiano foi deposto, capturado ao final daquele ano e condenado à morte em dezembro de 2006. Para os Estados Unidos, no entanto, era apenas o começo de uma das guerras mais longas, caras e mortíferas, só perdendo para o conflito do Vietnã (1959-1975). Somente a guerra do Iraque já custou US$ 711 bilhões aos cofres americanos e deixou um saldo de 4.700 soldados mortos, sendo 4.386 americanos.
Enquanto as tropas eram alvos de atentados terroristas no Iraque (ver filme indicado abaixo), escândalos como a justificativa fraudulenta para a invasão e os abusos cometidos contra presos iraquianos na prisão de Abu Ghraib mancharam a imagem da Casa Branca perante o mundo. Isso começou a mudar com a posse de Barack Obama, em 2009. Obama assumiu o compromisso de retirar a maior parte dos combatentes até 31 de agosto de 2010.
No entanto, hoje há aproximadamente 96 mil soldados americanos no Iraque e metade desse contingente lá deve permanecer, sendo removido gradualmente até 31 de dezembro de 2011. Somente depois disso, o Iraque conquistará de novo sua independência.

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